Título: Mais de 34t de maconha e 150 armas
Autor: Costa, Ana Cláudia
Fonte: O Globo, 01/12/2010, Rio, p. 14

Comandante da PM diz que prejuízo do tráfico já chega a R$100 milhões

O gigantismo do Complexo do Alemão, considerado o principal bunker da maior facção do Rio, ficou evidente com as apreensões de armas e drogas realizadas entre domingo, dia da invasão pela polícia, e ontem de manhã. O material já periciado foi apresentado no pátio da Academia da Polícia Civil (Acadepol), na Cidade Nova. A montanha de drogas era surpreendente. Eram 33 toneladas de maconha, 225 quilos de cocaína, 37 quilos de crack, 1.400 frascos de lança-perfume e 135 armas longas (fuzis e metralhadoras). No meio desse armamento, 15 deles tinham finalidade antiaérea.

A quantidade de apreensões, no entanto, é ainda maior porque nem todo o material foi periciado pela Polícia Civil. Ainda faltam ser computadas, por exemplo, 178 granadas. Há também 13 fuzis, uma pistola e 1.100 quilos de maconha apreendidos ontem. De acordo com o comandante-geral da Polícia Militar, Mario Sergio Duarte, o montante já corresponde a um prejuízo de R$100 milhões para o tráfico.

- É uma apreensão histórica. Na minha opinião, nunca mais teremos uma apreensão desse porte no Rio de Janeiro - comemorou o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski.

"A facção está muito vulnerável", diz Beltrame

O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, e Turnowski enfatizaram que a quantidade de apreensões evidencia os efeitos da operação. Segundo os dois, a ocupação desarticulou significativamente a principal facção criminosa do estado.

- Pelo que acompanhamos, a facção está muito vulnerável - disse Beltrame, no pátio da Acadepol.

Na avaliação de Turnowski, a operação resultou num golpe duro para a organização criminosa, porque a atingiu em diferentes esferas. Ele afirmou que só o Alemão bastaria para sustentar a facção.

- Resgatamos um território que rendia semanalmente valores absurdos para essa facção. Houve ainda o sequestro de bens e a prisão de familiares e "laranjas" dos bandidos, o que desarticula a parte financeira. A apreensão de drogas causa um prejuízo enorme para o financiamento da compra de armas, que também foram retiradas dos criminosos na operação. Agora, eles são muito menos bandidos do que eram antes - disse Turnowski.

Como as drogas apresentadas já haviam sido periciadas, foram encaminhadas ontem mesmo para os fornos da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para serem queimadas, de acordo com o polícia.

Turnowski explicou que será aberta uma investigação para identificar a origem das armas apreendidas. Em seguida, elas serão enviadas para o Exército, onde serão destruídas. Segundo Turnowski, caso a polícia se interesse por algum armamento, pode solicitá-lo à Justiça.

- Nosso grupo de elite vai dar uma olhada no armamento e, se houver interesse, nós vamos pedir à Justiça alguma arma apreendida. As polícias estão muito bem armadas, têm bastante fuzil e pistola. Só haverá interesse em utilizar algum armamento se for para um grupo específico de operações especiais - disse o chefe de Polícia Civil.

Turnowski acredita que ainda haverá apreensões e prisões de bandidos, mas que os números devem ser bem mais baixos a partir de agora. Ele pediu ajuda da comunidade para informar sobre possíveis paradeiros de armas, drogas e bandidos:

- Vamos continuar vasculhando para ver se achamos mais coisas.