Título: Impacto da troca de lâmpadas sobre emissões é ainda maior que o estimado
Autor: Grandelle, Renato
Fonte: O Globo, 02/12/2010, Ciência, p. 46

Medida reduziria em mais de 2% o consumo mundial de eletricidade, diz ONU

Num estudo divulgado ontem pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep), o Brasil aparece na 71ª posição entre os países que mais podem economizar energia, adotando medidas de eficiência energética, num universo de 100 nações. Segundo o relatório, somente com a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes - mais duradouras e eficientes - o Brasil poderia economizar 3% de energia, o que, segundo o Unep, é algo considerável em se tratando de um país continental.

Com essa transição, o estudo afirma que seriam economizados US$ 2 bilhões por ano e 4 milhões de toneladas de CO2 deixarão de ser emitidas para a atmosfera, o equivalente à retirada de um milhão de carros de circulação.

- Levando-se em conta o fato de que há um número grande de brasileiros que ainda não têm acesso à eletricidade ou contam com difícil acesso a esse serviço, a demanda por energia no Brasil vai aumentar. Por isso é muito importante que o país comece a adotar medidas de eficiência energética - afirmou Bernard Jamet, do Programa de Energia do Unep. - O Brasil, na área de energia, tem focado muito em biocombustíveis já há algum tempo, mas isso começou a mudar.

O levantamento levou em conta o projeto de uma portaria ministerial que cria o Programa Nacional de Conservação Energética, que está em consulta pública no Ministério de Minas e Energia e deverá entrar em vigor até meados de 2012.

Este programa fixa padrões mínimos de eficiência para lâmpadas compactas fluorescentes e pretende substituir todas as incandescentes por elas, mais eficientes. As lâmpadas usadas em iluminação pública também serão incluídas no programa, que pretende acabar com todos os modelos de 40W e 25W ate junho de 2015.

Transição tem custo relativamente baixo

Para o coordenador da Campanha de Energias Renováveis do Greenpeace no Brasil, Ricardo Baitelo, "está mais do que na hora" de o Brasil fazer a substituição.

- Temos um campo enorme para eficiência energética no Brasil, onde ainda há um grande número de lâmpadas incandescentes. O custo de substituí-las é relativamente baixo e as vantagens ambientais são claras - avaliou.

Segundo o estudo, o Brasil tinha, em 2008, 4,3 milhões de pessoas sem acesso à energia elétrica. No entanto, com a criação do programa federal Luz para Todos, estima-se que o número tenha caído para cerca de 1,5 milhão.