Título: Ex-procurador é preso por corrupção
Autor: Remígio, Marcelo
Fonte: O Globo, 03/12/2010, O País, p. 9

Citado no mensalão do PT, Glênio Guedes é acusado de pagar propina a policiais

Ex-procurador da Fazenda Nacional e suspeito de envolvimento com o escândalo do mensalão do PT, Glênio Sabbad Guedes enfrenta nova acusação: foi denunciado pelo Ministério Público por corrupção ativa ao pagar propina mensal a policiais federais. Em troca, eles atrapalhariam as investigações do inquérito sobre o mensalão. Conforme noticiado na coluna de Ancelmo Gois, o ex-procurador está preso na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho (Bangu 4), na Zona Oeste do Rio.

Glênio foi preso por policiais federais no dia 25, em seu apartamento em Ipanema, na Zona Sul do Rio. A prisão preventiva foi decretada após o Ministério Público Federal apresentar denúncia à 1ª Vara Federal Criminal. Além do ex-procurador da Fazenda Nacional, foram presos os policiais federais Sérgio Retto e Carlos Alberto Rodrigues dos Santos, acusados de corrupção passiva. Em troca de propina mensal, eles atrasavam procedimentos de apuração das denúncias envolvendo Glênio com o mensalão do PT. Também foi preso o auditor da Receita Federal Jorge Alves Ferreira, que integraria o esquema.

No episódio do mensalão, Glênio teria recebido do empresário Marcos Valério de Souza R$1,1 milhão para atuar em favor de bancos. A dupla é acusada de falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, tráfico de influência, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Demora em diligências chamou a atenção da Justiça

De acordo com o procurador da República Marcelo Freire, as investigações do esquema de corrupção envolvendo Glênio e os policiais começaram após a Justiça identificar a lentidão em ações como diligências:

- As prisões preventivas foram cumpridas durante operação que também coibiu a exploração de caça-níqueis e a adulteração de combustível.

Ainda segundo a Justiça, os policiais ofereciam serviços de "blindagem" de réus envolvidos com as máfias dos combustíveis e dos caça-níqueis. Também vendiam informações sobre investigados a grupos rivais, que disputam o mesmo mercado.

Promovida pela Polícia Federal, com a participação da Corregedoria Geral da Polícia Militar do Rio, a operação, batizada de Halloween, resultou na prisão de 22 pessoas e no cumprimento de 50 mandados de busca na capital e nos municípios de Duque de Caxias, Guapimirim, Macaé, Niterói e Petrópolis.