Título: Petrobras negocia com a Vale uso da Norte-Sul
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 03/12/2010, Economia, p. 32

Estatal quer transportar combustíveis do Maranhão para o Centro-Oeste pela ferrovia

A Petrobras quer usar parte da Ferrovia Norte-Sul para levar derivados de petróleo de sua futura refinaria do Maranhão até a Região Centro-Oeste. Segundo o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, a estatal já está negociando o uso da rota com a Vale, operadora da Ferrovia Norte-Sul, no trecho que interligará Palmas, no Tocantins à Açailândia, no Maranhão.

- A ideia é aproveitar as locomotivas que vão voltar para o Centro-Oeste vazias e transportar o combustível para a região, que hoje é atendida por caminhões que circulam pelas rodovias - destacou Costa.

Os trechos da Norte-Sul já estão em construção avançada e vão transportar no futuro grãos, principalmente soja, do Centro-Oeste para o Maranhão, para serem exportados pelo Porto de Itaqui. A Petrobras, assim, usaria as locomotivas no sentido contrário (saindo do Maranhão de volta ao Centro-Oeste), em vagões com tanques especiais, para transportar os combustíveis:

- Essa é a maneira pela qual estamos pensando suprir o crescimento todo do Centro-Oeste, via os combustíveis da refinaria do Maranhão.

Se confirmada, a parceria com a Vale seria a primeira da Petrobras para transporte de combustíveis por ferrovias operadas pela mineradora.

A Petrobras já iniciou as obras de terraplanagem para a refinaria do Maranhão, cuja primeira etapa de operação deve ser inaugurada no fim de 2014. Nessa primeira etapa, a refinaria terá capacidade para produzir 300 mil barris por dia de derivados. A partir de 2017, serão outros 300 mil barris diários.

São Gonçalo terá porto na para obras do Comperj

Segundo Costa, além da refinaria do Maranhão, a futura refinaria do Ceará também poderá ser destinada apenas para o mercado interno, devido ao forte aumento recente do consumo de combustíveis. Este ano, o consumo de derivados deverá crescer cerca de 10%. Inicialmente, a Petrobras planejava destinar a produção do Ceará à exportação, principalmente de óleo diesel:

- A demanda de derivados, pela primeira vez, está crescendo acima da média da economia. Se continuar assim, não vai sobrar um litro para exportação.

Sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), Costa informou que já foram assinados contratos para as obras no valor de US$ 4,5 bilhões. Ele não quis informar a estimativa de custos total do projeto. Costa disse que, em breve, a Petrobras vai assinar um convênio com o governo do Estado do Rio e a prefeitura de São Gonçalo para a construção de um porto na Praia da Beira. O objetivo é transportar cargas e equipamentos pesados para as obras do Comperj. Costa disse que a Petrobras não será a operadora do porto, que deverá ser administrado futuramente pelo governo estadual. O custo estimado é de R$200 milhões.