Título: Dilma oferece Previdência a Eduardo Braga
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 07/12/2010, O País, p. 10

Presidente eleita escolhe Alfredo Nascimento para Transportes e Mário Negromonte para Cidades

BRASÍLIA. Em reuniões na Granja do Torto, ontem, a presidente eleita, Dilma Rousseff, escolheu mais dois ministros partidários: o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) para os Transportes e o ex-líder do PP deputado Mário Negromonte (BA) para o Ministério das Cidades. Com a definição de Nascimento, Dilma teve que arrumar um lugar na Esplanada para o senador eleito Eduardo Braga (PMDB-AM). Os dois amazonenses são desafetos políticos, e Braga havia vetado o retorno de seu opositor para o governo, com ameaça de ir para a oposição. Foi oferecido a Eduardo Braga o Ministério da Previdência. A proposta não entusiasmou muito, mas é o que tem a oferecer, disse Dilma.

A presidente eleita começou o dia recebendo na Granja os futuros ministros Antonio Palocci (Casa Civil) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), além do presidente do PT, José Eduardo Dutra. Hoje, Dilma conversa com Alfredo Nascimento e ainda esta semana com Negromonte.

Já a indicação de Negromonte foi consensual no PP, e ele até contou com o apoio do governador Jaques Wagner (PT-BA), que se empenhou pessoalmente para garantir a vaga do deputado baiano. A princípio, setores do PP insistiam na manutenção do atual ministro, Márcio Fortes de Almeida, que conta com a simpatia da presidente eleita. Mas ele não tem o apoio da bancada na Câmara, que sempre reclamou da falta de atenção do ministro - os deputados do PP alegam que sequer conseguem audiências com Fortes.

No PMDB, os nomes já definidos são do senador Edison Lobão (MA) para o Ministério de Minas e Energia, além da permanência no cargo do ministro da Agricultura, Wagner Rossi (SP). O fato de o filho de Edison Lobão aparecer na investigação sobre fraudes na Refinaria de Manguinhos não alterou os planos do PMDB nem da presidente eleita.

Ontem, a cúpula do partido se reuniu na residência do vice-presidente eleito, deputado Michel Temer (PMDB-SP), para mudar a estratégia para tentar conseguir cinco ministérios, e não quatro, como insiste Dilma.

Agora, os peemedebistas tentam unificar o discurso para recuperar o Ministério da Saúde, depois que Dilma ficou contrariada com o anúncio antecipado, e desautorizado, de Sérgio Côrtes para a Saúde. Tanto que ontem o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ) participou da reunião na casa de Temer, representando o governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

A insatisfação no PMDB é enorme. O partido considerou ofensivo a proposta de nomear o ex-governador Moreira Franco (PMDB-RJ) para a esvaziada Secretaria de Assuntos Estratégicos. O ex-titular da SAE Mangabeira Unger, agora filiado ao PMDB, também esteve ontem à tarde com Dilma. Pela manhã, ele esteve na Granja do Torto, mas não foi recebido. Voltou à tarde.

Na reunião de ontem, também houve resistência em relação às compensações recebidas pelo PMDB, depois que o partido perdeu os ministérios da Integração Nacional e de Comunicações. Os peemedebistas estão contrariados também com o oferecimento do Ministério do Turismo.

Diante dessa falta de acordo com Dilma, cresce no PMDB o grupo dos que defendem aceitar imediatamente o que for oferecido ao partido, para evitar um desgaste ainda maior da legenda. Mas, deixando claro que isso terá graves sequelas para a governabilidade do mandato de Dilma no Congresso.

Outro problema surgiu com o PSB. O partido gostaria de ficar com os Ministérios da Integração Nacional e do Turismo. Mas não gostou de saber que o Turismo já foi oferecido para os peemedebistas. Com isso, há um debate interno pelo espaço dos socialistas no governo Dilma. Já o PCdoB mandou recado para formalizar a manutenção no cargo do ministro dos Esportes, Orlando Silva.