Título: Vendas da indústria caíram 0,7% em outubro
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 07/12/2010, Economia, p. 23

Para CNI, medidas de aperto ao crédito vão frear atividade no início de 2011

BRASÍLIA. Com queda de 0,7% nas vendas em outubro, a indústria brasileira acredita que as medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) na última sexta-feira, de aperto ao crédito, causem um arrefecimento mais intenso da atividade nos primeiros meses de 2011. Segundo o gerente da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, as medidas do BC vão causar aumento nas taxas dos financiamentos às empresas e afetar ainda mais o setor. A indústria argumenta ainda que já sofre com a queda do dólar, que levou a um aumento das importações.

Para Castelo Branco, as últimas medidas do BC são um indicativo de que a taxa de juros básica da economia (a Selic) também vai subir, iniciando um novo ciclo de alta:

- As medidas de controle monetário vão afetar os empréstimos para as empresas, para as famílias e causar um arrefecimento no ritmo de expansão.

Ele destacou que, desde o início do segundo semestre, a produção industrial vem desacelerando, o que ficou mais evidente em outubro, tradicionalmente o melhor mês para o setor, mas em que houve redução nas vendas. No mercado financeiro, os analistas alinharam suas expectativas de que os juros básicos da economia, hoje em 10,75% ao ano, voltarão a subir em janeiro. Isso significa que o mercado acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) manterá a Taxa Selic amanhã, quando se reúne pela última vez no ano. As projeções constam do boletim semanal Focus, do Banco Central (BC).

Será o último encontro comandado por Henrique Meirelles, que deixa a presidência do BC no final do ano para dar lugar ao atual diretor de Normas da instituição, Alexandre Tombini. Até então, a média das instituições pesquisadas acreditava em alta da Selic em abril. A Selic deverá fechar 2011 a 12,25%, estimam os analistas.

O Focus mostrou também que os economistas continuam vendo a inflação longe do centro da meta de 4,5% pelo IPCA: em 2010, 5,78% e, em 2011, 5,20%. Sobre o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), as contas apontam expansão de 7,54% em 2010 e de 4,50% no ano seguinte.

Na sexta-feira, o BC anunciou aumento das alíquotas do compulsório - parcela dos depósitos dos bancos que fica presa na autoridade monetária - que retirará R$61 bilhões de circulação. E divulgou medidas de restrição ao crédito voltado ao consumo de bens duráveis e automóveis.