Título: Haddad defende, em 2015, 7% do PIB em educação
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 08/12/2010, O País, p. 3

BRASÍLIA. Apesar do péssimo quadro da edução no país traçado pelo Pisa, o ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que a melhoria da qualidade do ensino nos últimos dez anos não é motivo de comemoração, mas indica, para ele, o caminho certo para recuperar o atraso e o descaso de mais de meio século.

Ele admite que, apesar dos avanços, não será uma tarefa trivial cumprir a meta que o próprio governo assumiu, de alcançar um patamar de ensino próximo ao dos países desenvolvidos em 2021.

Segundo Fernando Haddad, o Pisa 2009 revela o sucesso do Fundeb para reduzir as diferenças regionais e o acerto da implementação de escolas federais de ensino médio e da política de incentivo à licenciatura, especialmente em ciência e matemática.

Entretanto, Haddad ressalta que, para atingir 477 pontos no Pisa 2021, como estabelece o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), o ritmo dos investimentos deve ser ainda maior do que o financiamento atual para a educação.

- Se pudermos antecipar a meta de investimento de 7% do PIB (prevista para 2020) para 2015, tanto melhor. Tanto é que o plano tem um dispositivo para ser revisto em 2015. Exigirá um grande esforço do país, do poder público, uma grande mobilização social. Não é trivial. É isso que eu defendo, mas reconheço que não é trivial - disse Haddad.

Considerando os resultados do Pisa, se o Brasil repetir a evolução média de 17 pontos a cada triênio, atingiria 469 pontos, em 2021. Portanto, ainda assim, ficaria aquém da meta do próprio governo.

Segundo o Ministério da Educação, o investimento no setor hoje alcança 5% do PIB. Para Haddad, será cada vez mais difícil obter resultados positivos, pois o nível de complexidade também aumenta. O que remete a duas prioridades: o reforço da escola infantil e do ensino fundamental.

- A cada etapa, as exigências vão aumentar. Nós temos que nos preparar para desafios maiores. Isso vai demandar novas medidas, um esforço adicional, uma repactuação dessas metas com os governadores eleitos, com os prefeitos do país - afirmou, ao recordar que, mesmo tendo a terceira maior evolução entre os 65 países que fizeram o Pisa, o ensino do Brasil de 2009 tem o mesmo grau de eficiência do que o do Chile, no ano 2000.

Uma das metas prioritárias, segundo o ministro - cujo posto está praticamente garantido no governo Dilma Rousseff - é universalizar a pré-escola até 2016. A outra é ampliar a formação inicial e continuada de docentes nas escolas federais. Ele afirma que o número de professores de matemática e ciências já cresceu 84%, entre 2002 e 2009.

- Na comparação com 2000, é gritante o avanço. É verdade que estávamos no fundo do poço. Mas as medidas estão repercutindo favoravelmente no aprendizado. A avaliação por escola (Ideb) foi importante - afirma o ministro da Educação.