Título: Mulher de ex-tesoureiro cotada para Bolsa Familia
Autor: Góis, Chico de ; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 10/12/2010, O Pais, p. 9
Tereza Campelo pode ser indicada para o Desenvolvimento Social; Ministério de Dilma terá de 10 a 12 mulheres
BRASÍLIA. Na reta final do loteamento político do primeiro escalão de seu governo, a presidente eleita Dilma Rousseff decidiu fazer uma pressão pessoal para atingir a cota de um terço de mulheres em seu Ministério. Entre 10 e 12 mulheres deverão compor a foto oficial da equipe de Dilma. Dentro desse critério, ela antecipou a auxiliares e aliados que deseja nomear para o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campelo, que atualmente é coordenadora de Projetos Estratégicos da Casa Civil.
A nomeação da economista Tereza Campelo só não foi efetivada porque há disputa de vários setores do PT pelo comando da pasta, e Dilma quer resolver essas diferenças internas antes de bater o martelo. E a própria Tereza também resiste por questões pessoais. Mulher do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, Tereza integrou com Dilma o grupo gaúcho que participou da equipe de transição do governo Lula em 2002.
Partidos têm dificuldade para indicar mulheres
Se confirmada no cargo, ela substituirá Márcia Lopes, irmã do futuro ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e que é ministra interina do Desenvolvimento Social desde que o mineiro Patrus Ananias deixou o cargo, no início de abril, para disputar a eleição deste ano.
Tereza Campelo, de 48 anos, trabalha em administrações petistas desde 1989. Começou na Secretaria da Fazenda de Porto Alegre na administração do petista Olívio Dutra, em 1989, e foi coordenadora técnica da bancada do PT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Atualmente, como subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, trabalhou ao lado de Dilma e da futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela é paulista de Descalvado e se formou em economia na Universidade Federal de Uberlândia (MG). Morou por mais de 15 anos no Rio Grande do Sul até entrar para o governo Lula, em Brasília.
Tereza Campelo entraria na cota pessoal de Dilma. Neste momento, a maior dificuldade para que a presidente eleita atinja a cota de mulheres no primeiro escalão está nos próprios partidos, inclusive o PT. Apesar dos apelos, os peemedebistas não indicaram nenhuma mulher. Os outros aliados também não. Tanto que Dilma pediu ao PCdoB para indicar a deputada e ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PCdoB-PE) para ocupar o Ministério dos Esportes, no lugar de Orlando Silva. Mas há forte resistência em setores do partido para essa mudança.
Até o momento, Dilma já nomeou quatro mulheres para ocupar ministérios em seu governo: Míriam Belchior; a deputada Maria do Rosário (PT-RS) para Secretaria de Direitos Humanos; a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) para o Ministério da Pesca; e a jornalista Helena Chagas para a Secretaria de Comunicação. A presidente eleita também deseja efetivar no cargo a atual ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apesar da resistência dos ambientalistas do PT.
Além disso, Dilma já sinalizou que deseja nomear mulheres para as secretarias da Igualdade Racial, da Juventude e da Mulher, além dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Cultura.
Neste último caso, ainda é forte o lobby de setores culturais mobilizados pelo próprio ministro Juca Ferreira para defender sua manutenção à frente da pasta. Apesar de ser do PV, Juca recebeu essa semana o apoio do governador Jaques Wagner (PT-BA). Caso Dilma faça a substituição, Juca Ferreira já foi convidado para ser o secretário estadual de Cultura do governo baiano.