Título: Na SAE, Moreira vai formular, mas não executar política de saneamento
Autor: Lima, Maria; Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 09/12/2010, O País, p. 4

É o único ministro do Rio até agora, mesmo assim por indicação de Temer

BRASÍLIA. O Estado do Rio ganhou ontem seu primeiro representante no Ministério de Dilma Rousseff: o ex-governador Moreira Franco (PMDB) foi confirmado, após muitas idas e vindas e desejos frustrados, como novo titular da Secretaria de Assuntos Estratégicos. A ambição inicial de Moreira e de seu padrinho político, o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), era assumir o comando do Ministério das Cidades, que hoje tem como titular o também fluminense Márcio Fortes, do PP.

Além de Márcio Fortes, o Rio é representado no governo Lula pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. No início do governo teve Miro Teixeira no Ministério das Comunicações.

- Nós éramos muitos, né? Vamos ver como fica agora - comentou o ministro Temporão, ao chegar ontem à noite para o jantar do PMDB em homenagem ao presidente Lula.

Órgão praticamente deixou de existir nos últimos 6 meses

A presença de Moreira Franco no Ministério de Dilma foi negociada até o último momento, quando o PMDB tentou incrementar a SAE com outras ações e políticas do governo. Para debelar a irritação dos peemedebistas e prestigiar o vice Michel Temer, Dilma fortaleceu as atribuições da SAE, mas não muito.

Além de conseguir manter sob o domínio da SAE o Ipea, Moreira vai comandar também o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e a formulação das políticas de saneamento. Mas ficará fora da execução dessas políticas, que inclui um ponto nevrálgico e alvo de escândalos de corrupção nas prefeituras: o lixo. Caberá a SAE cuidar da politica de aplicação da recém aprovada política de tratamento de resíduos sólidos, por exemplo.

- Se a SAE desaparecesse ninguém perceberia. O Mangabeira (Unger) deu uns pitacos na formulação da Estratégia Nacional de Defesa. Agora, estão lá procurando o que fazer, porque é uma pasta que planeja para um futuro de 20 anos, não tem orçamento para executar. Para o agora, quem planeja é o Ministério do Planejamento - comentou ontem reservadamente uma autoridade militar ligada a pasta.

Nos últimos seis meses, depois da saída de Mangabeira Unger, e agora sob o comando de Samuel Guimarães, a SAE praticamente deixou de existir.

Acertados os cinco ministérios que o PMDB, a contragosto, aceitou, um jantar para 250 pessoas, em homenagem ao presidente Lula, marcou ontem à noite o armistício temporário entre petistas e peemedebistas. O jantar, na casa do senador eleito Eunicio Oliveira(PMDB-CE) botou os peemedebistas frente a frente com o presidente Lula. A presença de Dilma chegou a ser cogitada, mas não confirmada.

Deputados, senadores, governadores e ministeriáveis foram convidados para o banquete.

- O ótimo é que a gente fez a homenagem ao presidente Lula, que sai, e num clima de harmonia com a nova presidente - disse Eunicio.

O futuro ministro da Justiça e membro da equipe de transição de governo, José Eduardo Cardozo, considerou satisfatória a equação com o PMDB:

- Acredito que o posicionamento que o PMDB tem e vem tendo é o de compor o governo dentro de uma situação de equilíbrio. Evidente que todo quadro não está definido, a presidente eleita irá afirmar os nomes assim que possível, mas tenho certeza que teremos uma excelente equipe, com sustentação forte no Congresso e na sociedade - disse Cardozo, negando mal-estar: - Não se pode falar em mal-estar. Existe é uma busca de entendimento. É natural que num processo de diálogo, às vezes se tenha um processo de contraposição. Tenho certeza que a equipe de Dilma sairá fortalecida.

COLABOROU: Chico de Gois