Título: Graças ao petróleo, Campos teve o maior ganho de participação no PIB
Autor: Ribeiro,Fabiana ; Balbi, Aloysio
Fonte: O Globo, 11/12/2010, Economia, p. 32

Fatia da cidade foi de 0,78% para 0,96%, próximo a Campinas e Salvador

RIO e CAMPOS. Com a economia à base do petróleo, Campos dos Goytacazes, no Rio, foi a cidade que mais ganhou participação no Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) de 2007 para 2008. Sua fatia no PIB passou de 0,78% para 0,96%, graças ao aumento do preço do barril do produto. Ficou, portanto, em patamar parecido de cidades com Campinas e Salvador. Em seguida vem Brasília, com 3,88% do PIB, cuja renda foi puxada pela atividade dos serviços e pela administração pública. Já o minério de ferro, em alta no mercado internacional, estimulou a economia da pequena Parauapebas, que responde por 0,22% da riqueza do país.

O grande comércio atacadista de Osasco fez a cidade aumentar sua quota no PIB de 0,93% para 0,99%. Já a participação de São João da Barra subiu de 0,03% para 0,09% por causa do petróleo. E a indústria automobilística deu fôlego à economia de São Bernardo do Campo, em São Paulo, cuja fatia cresceu de 0,95% para 0,99%.

¿ O eixo Rio-São Paulo traz uma mancha industrial muito antiga. Mas, com cidades como Campos, essa mancha começa a desbotar. Descobertas de petróleo na Bacia de Campos ajudam a desconcentrar a economia. Mas esse processo exige políticas públicas ¿ afirmou Hildete Pereira, professora da UFF.

Indústrias também estimulam economia de Campos

Campos e Macaé, que dispararam no índice apurado pelo IBGE, têm força econômica semelhante com perfis diferentes, embora ambas orbitem em torno do petróleo. Enquanto Macaé concentra mais de 500 empresas de portes variados na prestação de serviços para atividade offshore, Campos tem atraído outro tipo de indústrias ¿ a maior delas, a alemã Schulz, destina 70% de sua produção para a atividade do petróleo.

Segundo Lucas Vieira Filho, gerente administrativo das duas fábricas da Schulz em Campos, no momento a linha de montagem está voltada para atender às demandas do polo petroquímico de Itaboraí, próximo à Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Mas não é só isso, explica:

¿ Temos ainda de atender a estaleiros, destilarias de etanol e compromissos com o mercado externo.

A Schulz fabrica tubos e conexões em aço-liga e inox, com alto padrão de tecnologia. Outras empresas, estas não ligadas ao petróleo, ajudaram a elevar o PIB de Campos, como a asiática Cellfarn, que fabrica e exporta antibióticos para Europa e Estados Unidos. Outra é a Profine, que produz bicarbonato de cálcio para gigantes como a Tigre, fabricante de tubos, conexões e acessórios.

Fernando Miller, do escritório Miller Advocacia e Consultoria, disse que há outras grandes empresas se instalando nas duas cidades, com projetos diversificados. Segundo ele, essas companhias estão buscando parcerias entre seus departamentos jurídicos e os escritórios da região.

¿ Existem demandas que implicam acompanhamento jurídico, como questões ambientais, entre outras. Isso é um sintoma de que as coisas estão realmente acontecendo nestas duas cidades ¿ explicou Miller.

Setor de serviços puxa arrecadação de Macaé

Já Airton Maciel, que também atua em consultoria empresarial, garante que ainda há muito espaço para o crescimento da fatia de Campos e Macaé no PIB brasileiro.

¿ Macaé hoje tem uma receita fabulosa de tributos municipais pelo número de empresas prestadoras de serviços e, nesse ponto, avançou mais que Campos. Por outro lado, a infraestrutura de Campos está seduzindo grandes empresas, embora esta pudesse ser bem melhor. O cenário é promissor porque temos de levar em conta o Porto do Açu, em São João da Barra, na divisa com Campos, e o Complexo da Barra do Furado, entre Campos e Quissamã. É um crescimento irreversível ¿ afirmou Maciel.