Título: Espionagem preocupa defesa de Assange
Autor: Mora, Miguel
Fonte: O Globo, 11/12/2010, O Mundo, p. 42

Procurador-geral dos EUA nega ter pressionado empresas ligadas ao WikiLeaks

PROTESTOS PELA libertação de Assange em Melbourne: para advogada, eventual acusação de espionagem é inconstitucional

LONDRES. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos mantém silêncio, mas diante da abertura de uma investigação criminal contra o fundador do WikiLeaks ¿ autorizada pelo procurador-geral dos EUA, Eric Holder ¿, os advogados de defesa de Julian Assange estão se preparando para a hipótese de o australiano enfrentar um acusação de espionagem. Denunciando uma manobra política contra seu cliente, a advogada britânica de Assange, Jennifer Robinson, afirmou estar tratando da possibilidade de uma ação judicial baseada em boatos que circulam entre altos funcionários do governo americano.

Ex-colaborador de Assange anuncia criação de site rival

¿ Nossa posição é que qualquer interposição de uma ação judicial sob a lei de espionagem seria inconstitucional e colocaria em dúvida a proteção da Primeira Emenda (da Constituição dos EUA) para todas as empresas de imprensa ¿ afirmou Robinson, referindo-se a um dos pilares da Carta Magna americana, que assegura a liberdade de expressão, religião e imprensa.

O procurador-geral dos EUA, Eric Holder, negou ontem que o país tenha pressionado empresas, como a Amazon, que prestavam serviços ao WikiLeaks.

A polêmica em torno da prisão de Julian Assange mobilizou centenas de pessoas em manifestações na Austrália e no ciberespaço. Hackers do grupo Anônimo atacaram o site do Ministério Público da Holanda em protesto à detenção de um adolescente de 16 anos, suspeito de envolvimento na série de ataques digitais contra organizações vistas como inimigas do WikiLeaks. Enquanto a investigação prossegue, um juiz da cidade de Roterdã pediu a extensão da prisão preventiva do garoto pelos próximos 13 dias.

Os hackers também tentaram derrubar o site de pagamentos eletrônicos Moneybookers e, num sinal de que será difícil conter os piratas virtuais, inúmeros perfis que se dizem membros do grupo de hackers surgiram no Twitter.

O revés do dia ficou por conta do alemão Daniel Domscheit-Berg. Ex-porta-voz do WikiLeaks, ele rompeu com Assange por desavenças quanto à ¿falta de transparência no processo de tomada de decisões¿ e anunciou a criação de um site rival, o Openleaks, para receber material de fontes anônimas.