Título: Com novos limites, população minguada
Autor: Lins, Letícia
Fonte: O Globo, 12/12/2010, O Páis, p. 13

Maetinga, na Bahia, caiu de 13,6 mil pessoas para 7.031

SÃO PAULO e MAETINGA (BA). Nos municípios onde houve o maior e o menor crescimento populacional do país, os motivos para o fenômeno vão além do desenvolvimento econômico. Na Bahia, a redefinição dos limites territoriais pelo governo estadual na macrorregião de Vitória da Conquista, aliada ao êxodo rural no Oeste do estado, são apontados como as principais causas para a redução populacional em municípios do sudoeste baiano, como Maetinga, a 631 quilômetros da capital. Encravado no semiárido e cortado por intransitáveis estradas de terra, o município foi o que mais perdeu população na última década, de acordo com o Censo 2010: caiu de 13, 6 mil pessoas para minguados 7.031 - uma queda de 48,3%.

Parte dos 6.569 "excluídos" deixou de morar em Maetinga para se tornar cidadão dos municípios de Caraíbas ou de Presidente Jânio Quadros. A confusão provocada pela divisão de território - iniciativa da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia da Secretaria Estadual do Planejamento (Seplan) - resultou, ainda, na evasão de recursos federais e migração de eleitores maetinguenses nativos.

Para o prefeito do município, Brasilino José da Silva Neto (DEM), a saída é solicitar a revisão dos dados ou, em caso de recusa, acionar o IBGE para contestar o Censo e evitar redução no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM):

- Metade desse recurso é comprometido com a folha funcional e se cair ainda mais vamos entrar em colapso e ficará inviável administrar.

Já Balbinos, a 420 quilômetros de São Paulo, triplicou a população, passando de 1.313 para 3.932 habitantes. Mas a explosão populacional não é vista nas ruas. O crescimento é resultado da construção de duas penitenciárias. As unidades prisionais abrigam dois terços da população total. O prefeito José Márcio Rigoto (PMDB) lamenta:

- Infelizmente tem mais preso que solto - disse ele, após a divulgação dos dados do Censo.

De fato, Balbinos tem 2.570 presidiários e 1.362 moradores livres. A chegada dos novos habitantes mudou a rotina da pacata cidade.

- Todos têm uma certa insegurança. Começou a ter muitas pessoas estranhas na cidade - diz a assistente social Ana Lúcia Cabelo Garcia de Campos.