Título: Suspeitos de matar prefeito têm prisão decretada
Autor: Falcão, Jaqueline
Fonte: O Globo, 12/12/2010, O País, p. 14

Paschoalin foi enterrado ontem; governador de SP diz que `há interesses¿ por trás da morte

SÃO PAULO. A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária dos quatro homens detidos sob suspeita de envolvimento no assassinato do prefeito de Jandira, Walderi Braz Paschoalin (PSDB), de 62 anos, ocorrido na manhã de sexta-feira. Os quatro, que têm extensa ficha criminal e são ligados a facção criminosa organizada dentro dos presídios paulistas, de acordo com a polícia, foram transferidos na manhã de ontem para o cadeia pública de Carapicuíba, na Grande São Paulo.

Delegado pede a quebra de sigilo telefônico de suspeitos

O delegado Marcos Carneiro, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), pediu a quebra do sigilo telefônico dos quatro suspeitos. A intenção da polícia é saber com quem eles falaram minutos antes e depois do assassinato do prefeito, executado com 13 tiros.

O corpo do prefeito foi enterrado no fim da tarde de ontem, em Jandira. O estado de saúde do segurança Wellington Martins continua gravíssimo. Ele permanece internado no Hospital das Clínicas.

O governador de São Paulo, Alberto Goldman, e o governador eleito, Geraldo Alckmin, estiveram no velório ontem à tarde. Ao G1, Goldman disse acreditar que ¿há interesses¿ por trás da morte do prefeito. O senador eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) também falou em morte encomendada e crime covarde durante o velório.

A vice-prefeita de Jandira, Anabel Sabatine, do PSDB, disse ao G1 durante o enterro que não se sente segura para assumir o cargo.

¿ Não me sinto segura. Sei que existem grupos querendo que eu não assuma.

O corpo de Paschoalin foi

sepultado às 16h45m, e a família acredita que a motivação do crime é política.

Segundo a polícia, exames da perícia constataram a presença de pólvora nas mãos de dois dos quatro suspeitos. Os outros dois tinham gasolina na roupa. Antes de abandonarem o carro usado no assassinato do prefeito, os bandidos despejaram gasolina no carro e tentaram incendiá-lo para não deixar pistas. Chegaram a metralhar o carro para que a gasolina pegasse fogo, mas isso não aconteceu e eles foram presos ainda perto do carro.

Para a polícia, esses são indícios de que eles podem ter participado do crime. O delegado do setor de homicídios da delegacia seccional de Carapicuíba, Zacarias Katzer Tadros, responsável pela investigação, disse que os quatro presos já têm passagem pela polícia.

A polícia investiga se há ligação do assassinato com a morte de dois vereadores na cidade em julho deste ano ¿ o ex-vereador Waldomiro Moreira de Oliveira, o Mineiro, e o suplente Ivo Aureliano, o Ivo do Gás.

O Ministério Público investiga a participação de Paschoalin num suposto mensalão na cidade. No esquema, haveria o pagamento de propina a vereadores para aprovação de projetos de interesse do prefeito, além de aprovar as contas anuais da gestão. Os vereadores receberam R$200 mil do prefeito para aprovar matérias de seu interesse.

A Polícia Civil trabalha com a linha de investigação de uma execução a mando de alguém. Uma vingança pessoal também é investigada.

O prefeito e seu segurança foram baleados dentro de um Ford Fiesta, em frente à emissora de Rádio Astral, onde ele apresentaria o programa Bom Dia Prefeito. O carro era do segurança. O prefeito, no dia do assassinato, não saiu de casa com o carro blindado que costumava usar.

As armas usadas pelos assassinos, de acordo com a polícia, eram fuzil e metralhadora. Um Focus prata roubado foi localizado a cerca de 2 km do local do crime, minutos depois. O carro estava com o motor ligado, portas abertas e os bancos embebidos com gasolina.