Título: Governar para todos
Autor:
Fonte: O Globo, 13/12/2010, Opinião, p. 6

Na hora de se discutir a formação do governo federal, de seus ministérios, de suas empresas estatais e mistas e de suas autarquias, além das agências reguladoras, essa composição tem a obrigação de retratar o programa de governo apoiado pelos dez partidos da coligação vencedora.

O futuro governo, como disse a presidente eleita, Dilma Rousseff, precisa inovar nas políticas sociais, ter bem definidas as prioridades de seu governo, tanto na política interna quanto na externa, e traçar as metas para que o Brasil se consolide como a sétima economia mundial, desbancando a Itália já em 2011.

Para tudo isso, dois projetos são essenciais: as obras do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e os recursos que não param de ser descobertos na camada de pré-sal. Agora temos todas as condições econômicas e sociais para superarmos anos de atraso e políticas predatórias, que beneficiavam apenas determinados setores nacionais ou classe econômica.

Recebemos uma herança bendita do presidente Lula. Esse legado facilitará as futuras ações de Dilma, que não terá de se preocupar em reerguer a economia de um país quebrado. Ela terá como desafio ampliar o legado de conquistas deixado por Lula, o presidente mais popular da nossa História e que levou o Brasil a um novo patamar no mundo.

Somos o país do futuro. Temos recursos naturais, terras, excelente clima, democracia e somos um dos mercados mundiais mais importantes, com quase 200 milhões de consumidores. Por tudo isso, as responsabilidades de Dilma são maiores que as de Lula quando se elegeu presidente. Ele não podia errar. Ela, muito menos. Dilma precisa erradicar a pobreza, consolidar o desenvolvimento. Colocar o Brasil com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Ela tem a obrigação de nos tornar um país de Primeiro Mundo, mas sobre uma economia sólida e bases de crescimento sustentáveis, porque os países da Europa e os Estados Unidos estão com sérios problemas financeiros.

Dilma assume esse legado com respaldo popular e político. Como vivemos em um regime presidencialista, a governabilidade caminha através das maiorias na Câmara e no Senado. Caminha através de um governo de coalizão. E a maioria se faz com pacto político, com comprometimento com o programa de governo que saiu vencedor nas urnas, com 55.752.529 de votos, ou seja, 56,1% dos votos válidos.

Coalizão significa um governo plural, em que os partidos dialogam, buscam soluções para os problemas históricos brasileiros, ajudam a encaminhar as principais reformas, como a tributária, a previdenciária e a política. Não temos a pretensão de esgotarmos em nós mesmos as soluções. O nosso é um governo plural, de todos e para todos.

Ninguém faz nada sozinho, muito menos o presidente da República de um país com dimensões continentais como o Brasil. E coalizão é governar junto. É discutir com as forças políticas. É sentar, como fez o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), com os governadores eleitos para discutir, por exemplo, compensações para a Lei Kandir. É votar o Orçamento Geral da União de 2011 o mais realisticamente possível. E isso se faz governando com as diversas forças políticas.

DEVANIR RIBEIRO é deputado federal (PT-SP) .