Título: Em Jandira (SP), nova prefeita assume o cargo sob escolta de seguranças
Autor: Falcão, Jaqueline
Fonte: O Globo, 13/12/2010, O País, p. 9

Médica ocupa cargo que era de Paschoalin, assassinado na última sexta-feira

SÃO PAULO. Com um grupo de advogados ao seu lado, seguranças e carro blindado, a médica tucana Anabel Sabatine assume hoje a prefeitura de Jandira, na Grande São Paulo, no lugar de Walderi Braz Paschoalin, assassinado a tiros na sexta-feira.

¿ Não sei nada sobre como está a prefeitura, por isso contarei com um grupo de advogados para me auxiliar na administração da cidade. Espero resistência lá dentro. Vou estudar o quadro, saber como está a administração antes de tomar qualquer medida. Também está marcada uma reunião com os secretários para decidir quem ficará e quem deixará o cargo ¿ diz Anabel, que trabalhava como ginecologista na rede municipal de Jandira, uma cidade pobre na Região Metropolitana de São Paulo.

Anabel não tinha gabinete de vice na Prefeitura. Foi secretária de Saúde de Jandira por dez meses ainda na gestão do prefeito assassinado e largou a pasta. O motivo foi a recusa de assinar notas fiscais de compra de medicamentos supostamente superfaturados no valor de R$1,5 milhão, a pedido do prefeito executado na última sexta-feira com 13 tiros.

Anabel assume o comando da cidade de 115 mil habitantes e orçamento anual de R$160 milhões. Ela não revela se terá apoio de algum grupo político, o da oposição, por exemplo. Nem confirma se recebeu ameaças de morte.

O Ministério Público Estadual investiga a participação de Paschoalin num suposto mensalão em Jandira. No esquema, vereadores receberam R$200 mil para aprovar os projetos de interesse do prefeito assassinado.

Pouco antes das 8h da última sexta-feira, Walderi Braz Paschoalin e seu segurança, Wellington Martins, foram metralhados dentro de um Ford Fiesta, em frente à emissora de Rádio Astral, onde ele apresentava, todas as sextas-feiras, o programa ¿Bom Dia Prefeito¿. O carro era do segurança. No dia do assassinato, o prefeito não estava no carro blindado que tinha hábito de usar. O segurança permanece internado, em estado grave, na UTI do Hospital das Clínicas.

Os assassinos, segundo a polícia, usaram fuzil e metralhadora. A polícia investiga se a execução teve motivação política, no que acredita a família, ou vingança pessoal. Quatro suspeitos estão presos na cadeia pública de Carapicuíba, na Grande São Paulo, e devem ter o sigilo telefônico quebrado.