Título: Cepal prevê crescimento de 6% para América Latina, acima da média global
Autor: Freitas, Andrea
Fonte: O Globo, 14/12/2010, Economia, p. 24

Para o ano que vem, porém, alta deve ser de 4,2% devido a cenário mundial

O crescimento econômico dos países latino-americanos e caribenhos, que este ano será de 6%, segundo balanço preliminar divulgado ontem pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vai se desacelerar no ano que vem, ficando em 4,2%, devido a incertezas no cenário internacional, à lenta recuperação de Estados Unidos e Europa e ao abandono gradual de políticas de estímulo pós-crise mundial. Os resultados de 2010 e 2011, porém, continuarão acima da média global, de 3,6% e 3,1%.

Para o secretário-executivo adjunto da Cepal, o economista brasileiro Antonio Prado, a recuperação frente a 2009, quando a região registrou uma recessão de 1,9%, foi muito forte, superando as previsões iniciais da comissão da ONU (5,2% e 5,6%):

- Pela primeira vez, a região teve capacidade de agir sem enfrentar outros problemas - destacou em entrevista ao GLOBO, por telefone, de Santiago.

O Cone Sul foi o principal responsável pelos bons números, com avanço de 6,6% este ano - acima da média de 6%. O Caribe cresceu 0,5%, enquanto México e América Central tiveram expansão de 4,9%. No ano que vem, a América do Sul se manterá acima da média, com 4,5%, enquanto a Central ficará com 3,6%, e o Caribe, com 2,2%.

O bom resultado do PIB regional está muito ligado ao desempenho do Brasil, já que país responde por um terço dos números da região. O crescimento do país em 2010 é estimado pela Cepal em 7,7%. E, para manter esse nível, o desafio, segundo Prado, é aumentar a taxa de investimentos e expandir e melhorar a infraestrutura do país, especialmente a de transportes.

Integração funciona muito bem, diz economista

Além do Brasil, os demais membros do Mercosul tiveram excelente desempenho econômico. O Paraguai foi o país com maior crescimento de toda a região (9,7%), seguido pelo Uruguai (9%). A Argentina (8,4%) ficou atrás apenas do Peru (8,6%), que tem se aproximado do Brasil.

- A integração funcionou muito bem para a dinamização da economia dos países membros - afirmou Prado.

Em toda a região, apenas Venezuela (-1,6%) e Haiti (-7%) tiveram resultado negativo. A Cepal também registrou ligeiro aumento na inflação regional, de 4,7% para 6,2%, e redução da taxa de desemprego - de 8,2% para 7,6% -, com melhoria na qualidade dos postos de trabalho.

- Houve um crescimento de renda real e um aumento na oferta de postos. Mas a região ainda precisa de muitos esforços, 50% dos trabalhadores estão na informalidade - disse Prado.

E o desafio para a região, segundo a Cepal, é traçar estratégias de desenvolvimento para manter o crescimento, a redução da taxa de pobreza e a distribuição de renda. O bom resultado deste ano, alerta Prado, está ligado a circunstâncias especiais, como o alto preço das commodities:

- A região tem de se repensar. Um esforço em andamento, que será muito positivo, se consolidado, é a aproximação entre Mercosul e México, que sofrendo muito com a concorrência chinesa e com o baque nos EUA.