Título: Temer aconselha Ciro a ter cautelas verbais
Autor: Braga, Isabel; Franco, Ilimar; Lima, Maria
Fonte: O Globo, 15/12/2010, O País, p. 10

Dilma deve confirmar hoje a volta de deputado do PSB, crítico do PMDB, ao Ministério da Integração Nacional

BRASÍLIA. A presidente eleita, Dilma Rousseff, deve decidir hoje o futuro do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) em seu governo. Ciro deve voltar a comandar o Ministério da Integração Nacional, apesar do descontentamento de seu partido. Além de insatisfações no PSB, a volta de Ciro ao governo deixa em alerta o PMDB, que já mandou recados a ele. O vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), pediu cautela do provável novo companheiro de governo.

Ciro é um dos maiores críticos do PMDB, partido que já classificou como um" um ajuntamento de assaltantes". Ao ser perguntado sobre a possível volta de Ciro, Temer afirmou:

- É uma escolha da presidente. Evidente que, a partir de agora, ele vai tomar as cautelas verbais que o cargo dele exigirá, em face, especialmente, da Presidência e da Vice-Presidência.

Barbosa na Secretaria Executiva da Fazenda

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deve se encontrar com Dilma para definir a participação do partido no novo Ministério. Campos indicara para a Integração Nacional o seu secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho. Caso Dilma opte por Ciro, Coelho deverá ficar com a nova Secretaria de Portos e Aeroportos.

Para o segundo escalão da área econômica, Dilma também já tem novas deinições. Principal formulador da atual equipe econômica e próximo à presidente eleita, o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, assumirá a Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda. Ele substituirá a Nelson Machado, que não conta com a simpatia da presidente. Machado ficou desgastado com episódios envolvendo a Receita Federal, como a desastrada gestão de Lina Vieira e a quebra de sigilo de tucanos durante a campanha presidencial.

Barbosa chegou a ser cogitado para o comando do próprio Ministério da Fazenda e, depois, de outros ministérios; porém, acabou ficando para trás, diante da disputa partidária acirrada por pastas no próximo governo. Dilma chegou a pensar no secretário para uma eventual assessoria econômica, que funcionaria junto ao Palácio do Planalto, mas essa ideia foi descartada para não criar atritos dentro da equipe econômica.

Carlos Alberto Barreto vai comandar a Receita

Para o lugar de Barbosa, foi convidado, e já aceitou, o economista Márcio Holland, professor da Escola de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV)-SP. Além disso, o Tesouro Nacional permanecerá comandado por Arno Augustin, que desistiu do convite para a Secretaria de Finanças do Rio Grande do Sul.

Como antecipou O GLOBO, Carlos Alberto Barreto será o novo secretário da Receita Federal, em substituição a Otacílio Cartaxo. Remanescente da equipe do ex-secretário Jorge Rachid, Barreto preside o Conselho de Contribuintes.

Para a Secretaria de Assuntos Internacionais, irá o atual diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey. Ele substituirá Marcos Galvão, que assumirá a embaixada brasileiro no Japão. O secretário de Acompanhamento Econômico, Antonio Henrique da Silveira, será também mantido, assim como Adriana Carvalho, que comanda a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN).