Título: Número de partos cai, sobretudo entre jovens de 15 a 24 anos
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 15/12/2010, O País, p. 15

Segundo ministro, avanço é reflexo do uso de métodos contraceptivos

BRASÍLIA. Os dados do Ministério da Saúde mostram que as brasileiras estão tendo menos filhos, especialmente as adolescentes. O número de partos caiu de 3,2 milhões para 2,9 milhões entre 2000 e 2008, sinônimo de mais planejamento familiar e uso de contraceptivos. Nada menos que 93% dessa queda se deu entre as mães de 15 a 24 anos. Apesar da retração, a fecundidade ainda é precoce no país: 20% dos partos ocorre entre mulheres de 15 a 19 anos, e 29%, de 20 a 24.

- Isso se refere a uma série de medidas de acesso a informação, acesso a métodos anticoncepcionais, apesar da resistência de setores conservadores ainda existentes na sociedade brasileira - destacou o ministro José Gomes Temporão.

Só houve aumento nos nascimentos na Região Norte (8,2%). Para o governo, isso não se deve a crescimento real, mas a melhorias no sistema de notificações. No Sul, houve a maior redução (17,7%). A despeito das políticas públicas, cresce a proporção de cesarianas. Elas eram 38% dos partos em 2000 e, em 2007, 47%. Nessas intervenções, é maior a concentração de bebês abaixo do peso ideal (2,5 quilos).

- Isso traz indícios de que estão ocorrendo cesarianas antes do tempo - disse o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde, Otaliba Libânio Neto.

Doenças crônicas são a causa de 70% das mortes

Segundo ele, o crescimento se dá nos serviços bancados por planos. Além do interesse de médicos e hospitais em fazer a intervenção, mais cara, as mulheres receiam dor no parto normal e de mudanças estéticas.

- Há uma iniciativa do ministério de trabalhar para a redução - informa Libânio.

Apesar do avanço do diabetes e também do câncer, o chamado grupo de doenças crônicas não transmissíveis, que inclui males cardiovasculares e respiratórios, matou menos 17% entre 1996 e 2007. Mesmo assim, ainda responde por quase sete em cada dez óbitos no país. A maior queda se deu entre os respiratórios - graças, principalmente, ao encolhimento da população fumante de 35% para 16%.

Em 2008, morreram 1,066 milhão de brasileiros. Os homens entre 20 e 29 anos morrem quatro vezes mais que as mulheres da mesma faixa etária, sobretudo por causas externas (acidentes e homicídios, principalmente). Os homens são 83% desse grupo. Na comparação entre os triênios 2001-2003 e 2006-2008, a taxa de homicídios na população masculina de 20 a 39 anos aumentou muito em capitais como Maceió (150%), Salvador (93%) e Belém (66%). As maiores cidades registraram também as maiores quedas: 117% em São Paulo e 65% no Rio.