Título: PF procura provas de crime no PanAmericano
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 17/12/2010, Economia, p. 40

Operação de busca e apreensão é realizada nas residências de ex-diretores do banco. Documentos são recolhidos

SÃO PAULO. A Polícia Federal (PF) fez ontem operações de busca e apreensão nas residências de ex-diretores do banco PanAmericano, do Grupo Silvio Santos, que foram demitidos no mês passado após a descoberta de um rombo de R$2,5 bilhões nas contas da instituição. As casas de outros três funcionários do banco também teriam sido alvo da ação. Ninguém foi preso e os agentes recolheram apenas documentos e outros materiais relacionados ao banco que os executivos mantinham em casa.

A autorização para a operação foi dada pelo juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, a pedido da própria PF e do Ministério Público Federal, que conduzem inquéritos para apurar ilícitos na administração do banco. Os crimes sob investigação, segundo a PF, são gestão fraudulenta, indução de investidor a erro, fraudes contábeis, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, cujas penas somadas podem chegar a 37 anos de prisão.

Logo cedo, a presença de carros da PF chamava a atenção de moradores de pelo menos dois endereços nobres de São Paulo. Às 7h, três viaturas estacionaram em frente ao condomínio de luxo Eden Roc, no Itaim Bibi, um dos endereços de Rafael Palladino, ex-superintendente do PanAmericano. Um pouco mais tarde, o alvo foi o edifício Lessence Jardins, em Cerqueira Cesar, onde mora o ex-diretor financeiro Wilson de Aro.

Objetivo da Polícia Federal é rastrear dinheiro desviado

Segundo comunicado da PF, as buscas tiveram por objetivo coletar informações e provas que permitam rastrear o dinheiro desviado do banco: "Acredita-se que ainda possam ser encontrados indícios dos crimes financeiros apontados pelo BC."

A PF não informou os nomes de todos os ex-executivos e funcionários de médio escalão que tiveram suas casas vasculhadas, nem o que foi apreendido. Procurada, a nova direção do PanAmericano informou que não iria se pronunciar sobre a ação. Já o Grupo SS, que há algumas semanas informou em anúncio nos jornais que processará os ex-executivos, divulgou nota em que está à disposição das autoridades para ajudar.

Os problemas contábeis do PanAmericano foram identificados pelo BC em meados de setembro. Mas o problema só se tornou público em meados de novembro, depois que o empresário e apresentador Silvio Santos conseguiu um empréstimo de R$2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito. O empresário teve de dar como garantia as cerca de 40 empresas do grupo, inclusive sua emissora de TV, o SBT.