Título: EUA põem fim a veto gays nas Forças Armadas
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Fonte: O Globo, 19/12/2010, O Mundo, p. 38

Senado derruba controversa prática do `Don't ask, don't tell¿ após 17 anos

WASHINGTON. Depois de se arrastar por meses no Congresso, o Senado dos Estados Unidos aprovou ontem o fim da polêmica prática ¿Don't ask, don't tell¿ (Não pergunte, não conte), permitindo pela primeira vez na história do país que homossexuais sirvam abertamente nas Forças Armadas ¿ numa vitória para o presidente Barack Obama, que cumpre assim, uma de suas grandes promessas de campanha.

O projeto de lei foi aprovado por 65 votos a favor e 31 contra e deve ser encaminhado à Presidência para ser sancionado por Obama já nesta semana. No entanto, analistas observam que, na prática, a mudança ainda deverá demorar um pouco ¿ até mesmo um período de um ano. Depois do aval da Presidência, os detalhes da aplicação da lei, como direitos a cônjuges homossexuais, por exemplo, ainda terão que ser discutidos com o Pentágono.

O fim da prática já tinha sido aprovado no início da semana pela Câmara por 250 votos a favor e 174 contra ¿ mas ficou parado no Senado, devido a um processo burocrático que só poderia ser superado com um mínimo de 60 votos dos cem senadores. Mais cedo, numa votação preliminar, o apoio de seis senadores republicanos rendeu a primeira vitória ao projeto ¿ levado adiante por 63 a 33.

Pelo menos 13.500 mil homens e mulheres foram expulsos das fileiras militares por sua opção sexual desde a implantação da prática controversa ¿ criada em 1993 pelo então presidente Bill Clinton para permitir que homossexuais, até então banidos das Forças Armadas, pudessem servir, desde que não revelassem sua opção sexual.

¿ Não tem nada que eu queira mais do que retomar minha carreira como oficial e líder na Força Aérea ¿ comemorava o ex-major Mike Almy, exonerado porque um superior leu seus emails, descobrindo sua homossexualidade.

Antes mesmo da votação final, Obama comemorou:

¿Acabando com a prática do `não pergunte, não conte¿ nossa nação não vai mais ter negado o serviço de milhares de americanos patriotas, forçados a deixar as Forças Armadas apesar de anos de atuação exemplar apenas por serem gays. Milhares não serão mais obrigados a mentir para servir o país que amam¿, declarou o presidente, através de um comunicado.

Lei de imigração branda para jovens é vetada

Outro projeto, debatido calorosamente, esbarrou na oposição dos senadores. A chamada ¿Dream Act¿ (lei dos sonhos, em tradução livre) tentava garantir a cidadania americana a jovens que chegaram aos EUA ilegalmente antes dos 16 anos e que se formaram no Ensino Médio, completaram dois anos de faculdade ou serviço militar e não têm antecedentes criminais.

Apesar de ter recebido a maioria dos votos (55 a 41), o projeto de lei precisava de pelo menos 60 votos para avançar ¿ para a decepção de dezenas de jovens estudantes de origem latina que assistiam à votação das galerias.

¿ Eles realmente consideram esse país como sua casa, esse é o único país que conhecem. Tudo que eles querem é uma chance de servir a essa nação ¿ lamentou o senador democrata Dick Durbin, relator do projeto.