Título: Médico lembrado mais como político
Autor: Vasconcelos, Adriana ; CamarottGerson
Fonte: O Globo, 21/12/2010, O País, p. 4
Padilha ganhou projeção como articulador do governo Lula
BRASÍLIA. Com perfil mais político que técnico, Alexandre Padilha tem uma trajetória peculiar no governo Lula. Médico infectologista e funcionário de carreira da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ganhou projeção e prestígio como articulador político no segundo mandato de Lula. Atual ministro da Secretaria das Relações Institucionais, é o principal responsável pelo relacionamento do governo com o Congresso e coordena a liberação das emendas parlamentares. Na campanha, teve papel fundamental na mobilização de prefeitos da base e da oposição.
O trabalho de articulação política começou no fim do primeiro mandato de Lula, quando Padilha foi para a subchefia de Assuntos Federativos da Presidência da República, encarregado do relacionamento com estados e municípios. Em abril de 2006, tornou-se subchefe adjunto e em janeiro de 2007 assumiu o comando da área, subordinada a José Mucio Monteiro, então ministro de Relações Institucionais. Com a ida de Múcio para o Tribunal de Contas da União, em 2009, Padilha assumiu a SRI, tornando-se o mais jovem ministro de Lula.
Padilha nasceu em São Paulo, tem 39 anos e militância histórica no PT. Integrou a coordenação das campanhas presidenciais de Lula em 1989 e 1994 - e agora a de Dilma Rousseff. Na subchefia de Assuntos Federativos e como ministro de Relações Institucionais, construiu ampla rede de relacionamentos com prefeituras, governos estaduais e parlamentares. A rede foi reforçada com a atuação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), do qual Padilha é secretário-executivo.
O relacionamento com prefeituras e o setor empresarial, turbinado pelo Conselhão, foi utilizado de forma ostensiva na campanha a favor da então candidata Dilma Rousseff. Padilha teve atuação ativa na campanha, mobilizando a SRI e a estrutura do Conselhão para divulgar ações do governo nos estados. Pelo Twitter, o ministro descrevia com riqueza de detalhes suas andanças pelo país, viabilizadas graças a uma agenda casada com os eventos da campanha de Dilma. Até o primeiro turno, com diárias pagas pelo governo. No segundo turno, o ministro tirou férias para mergulhar na campanha.
Tanta dedicação ao projeto petista e o talento na articulação política acabaram valorizando Padilha, que se manteve durante a transição na posição privilegiada de ministro de Lula com vaga garantida no primeiro escalão de Dilma.