Título: Meirelles defende autonomia do BC e diz que há espaço para corte de juros
Autor: Ribeiro, Marcelle
Fonte: O Globo, 21/12/2010, Economia, p. 28

Ele diz que desafio de seu sucessor é manter poder de compra da moeda

SÃO PAULO. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, espera que a autonomia operacional da instituição seja mantida nos próximos anos. Meirelles disse que essa autonomia, concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, foi importante para que o BC tomasse decisões duras de médio e longo prazos:

- Os resultados das ações do BC às vezes não são visíveis no curto prazo. Às vezes até existem críticas porque o banco toma medidas duras e os resultados demoram a aparecer. Temos segurança que a autonomia operacional será mantida.

Ele não quis opinar sobre a necessidade de uma autonomia legal do BC. Disse que cabe ao Congresso e ao Executivo decidirem sobre o assunto.

Meirelles participou ontem da inauguração de um auditório do BC em São Paulo, que teve tom de despedida. Ele disse que o principal desafio de seu sucessor, Alexandre Tombini, é a manutenção do poder de compra da moeda, a estabilidade do sistema financeiro, o aperfeiçoamento do mercado de câmbio e a gestão das reservas internacionais do país.

Perguntado se a taxa de juros seria o principal desafio de Tombini, ele disse:

- A meta do BC é manter a inflação estabilizada, dentro da trajetória de metas e, em consequência, temos a possibilidade de empresas e famílias se planejarem a longo prazo com o aumento do crédito, da renda e do emprego.

Ele espera que a taxa de juros continue caindo:

- Ela (a taxa de juros) tem caído nos últimos anos, e a expectativa é que continue a cair, e, portanto, nada impede que o Brasil tenha a taxa de juros nos próximos anos que convirja para os padrões internacionais.

Sobre a taxa de juros real, Meirelles afirmou que, assim como todos, deseja que ela continue diminuindo:

- Quando assumimos, a taxa de juros real estava acima de 14% ao ano. Há todas as condições para que ela continue uma trajetória cadente. Para que isso aconteça, o BC tem que manter a inflação na meta.

Meirelles também acredita que o rating do Brasil pode melhorar nos próximos anos:

- O país está numa rota adequada de crescimento sustentável, com inflação na meta, reservas elevadas e, se comparamos com o