Título: Conglomerados conquistam influência
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 05/12/2010, Economia, p. 45

SÃO PAULO. O professor Sérgio Lazzarini gosta de chamar, seu livro "Capitalismo de laços" de "Facebook do empresariado brasileiro". O governo, seja através do BNDES e dos fundos de pensão ligados a estatais, é o que mais tem conexões com outras instituições. Mas o setor privado ganha influência, especialmente entre as famílias donas de conglomerados financeiros e industriais tradicionais. De 1996 a 2009, por exemplo, os grupos privados que mais ganharam influência no mapa empresarial nacional foram a Participações Morro Vermelho (do grupo Camargo Corrêa), o Opportunity (Daniel Dantas e família), os grupos Itaú Unibanco (famílias Moreira Salles, Villela e Setúbal) e os Ermírio de Moraes, com a Votorantim.

Na lista, em oitavo lugar aparece o banco JPMorgan Chase, uma exceção à regra, admite o próprio Lazzarini. "Os dados não suportam a ideia de que aumentou a influência relativa do capital internacional com os eventos de reestruturação da economia após a década de 90. Os dados mostram o contrário: os principais atores centrais continuam sendo, com crescente importância, entidades ligadas ao governo e alguns grupos locais", diz o pesquisador. "A realidade é que o poder, muitas vezes, não está na empresa estrangeira que entra, mas na empresa local que é amplamente conectada à economia".

Na lista de empresas que mais controlam outras no país hoje surge um nome relativamente pouco conhecido do jogo de poder empresarial brasileiro: a Fama Investimentos, que controla nove companhias junto a gigantes como Votorantim e grupo Jereissati. O Fama é um fundo de investimentos bastante agressivo, fundado em 1993, que define assim sua estratégia: "Sempre compramos negócios (e não simplesmente papéis) com a postura de acionistas investidores, participando, sempre que possível, das assembleias e dos conselhos fiscais das empresas investidas". Seu diretor, Mauricio Levi, não quis se pronunciar alegando que não havia lido o livro. (Gilberto Scofield Jr.)