Título: Cuidarei da estabilidade
Autor: Lima, Maria; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 18/12/2010, O País, p. 3

Dilma é diplomada pelo presidente do TSE como a primeira mulher presidente do Brasil

Dilma Rousseff recebeu ontem o diploma que a põe na História do Brasil: é, agora oficialmente, a primeira presidente eleita para assumir o comando do país. Dilma e o vice eleito, Michel Temer, foram diplomados, em cerimônia rápida, pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski. Além de Lewandowski, que deu uma declaração, Dilma foi a única a discursar. Meio nervosa, fez uma fala protocolar, num discurso lido e sem improvisos. Falou sobre as grandes expectativas que o povo deposita em seu governo, mas disse que recebia o diploma com humildade, prometendo honrar o legado do presidente Lula.

No rápido discurso, repetiu compromissos assumidos no pronunciamento feito no dia da eleição com estabilidade econômica, liberdade de expressão e de manifestação:

- Cuidarei da estabilidade econômica e do investimento, tão necessários ao crescimento e ao emprego. Defenderei sempre a liberdade de manifestação, de imprensa e de culto. Mas reafirmo que nenhuma estratégia política ou econômica é efetiva se não se refletir diretamente e concretamente na vida de cada trabalhador, de cada trabalhadora, de cada empresário, de cada família e de todas as regiões deste imenso e generoso nosso país.

Ineditismo feminino inspira discurso

Dilma fez várias menções às mulheres e destacou sua própria trajetória política. Disse que sua eleição foi consequência da ousadia de eleger um operário para presidente. Lula não compareceu à diplomação, porque em seguida ofereceria um coquetel a Dilma, no Itamaraty:

- Quanto orgulho temos os brasileiros e as brasileiras de ver um homem do povo conduzindo o país para um momento de tão extraordinário avanço social e econômico. E foi esse mesmo sentimento de mudança e avanço que fez o povo eleger agora uma mulher presidenta. Para além de minha pessoa, esse fato demonstra a crescente maturidade da nossa democracia. Esse fato rompe com preconceitos, desafia os limites e enche de esperança um povo sofrido e também de orgulho as mulheres brasileiras.

Quase que pedindo um voto de confiança, Dilma Rousseff reconheceu a responsabilidade que é suceder a Lula e a expectativa que existe sobre seu governo.

- Sei que há muitas expectativas sobre o governo que iniciaremos em janeiro. Sei da responsabilidade de suceder a um governante da estatura do presidente Lula. Sei dos imensos desafios que nosso futuro comporta. Mas, se pensarmos o que cada um de nós pode e podemos fazer pelo Brasil, vamos descobrir uma força infinita, que a cada momento se alimenta e se renova: a força da União, de nosso país, de nossa nação, de nossa sociedade para avançar. União para crescer. União para encontrar novos e melhores caminhos - disse Dilma.

Durante sua fala, Dilma repetiu duas ou três vezes que era uma emoção muito grande viver aquele momento, mas não se emocionou desta vez. Ficou séria e firme o tempo todo e aproveitou para elogiar a eficiência das urnas eletrônicas no processo eleitoral.

- É uma grande emoção receber este diploma da Corte responsável pelo processo eleitoral brasileiro. A lisura, a eficiência e a confiabilidade da nossa Justiça Eleitoral já são reconhecidas em todo o mundo. O uso da tecnologia a serviço do sagrado direito do voto é uma inovação verde e amarela que desperta crescente interesse das democracias - afirmou Dilma.

A presidente eleita disse que recebia o diploma com alegria e humildade, e uma enorme disposição de empenhar todo seu esforço para retribuir a confiança recebida nas urnas. Prometeu honrar as mulheres, cuidar dos mais frágeis e governar para todos, dizendo que isso é que a estimula ao trabalho nos próximos anos:

- Quero dedicar todo o meu carinho e empenho aos desejos mais justos e destacados das famílias brasileiras: à educação das crianças e jovens, à segurança das nossas comunidades e à saúde de todos os brasileiros.