Título: Em 2009, Brasil subiu em ranking de maiores cargas tributárias do mundo
Autor:
Fonte: O Globo, 18/12/2010, Economia, p. 28

País aparece na 14ª posição. Impostos representam 35% do PIB brasileiro

SÃO PAULO. Embora a carga tributária brasileira tenha apresentado um pequeno recuo em 2009, quando passou de 35,16% para 35,02% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país), o Brasil avançou quatro posições no ranking dos países que mais arrecadam impostos como proporção do PIB. Segundo estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o Brasil figura na 14ª posição entre os países com maior carga tributária no ano passado, quatro posições acima do posto que ocupava em 2008.

O estudo destaca que a ascensão brasileira no ranking se deu mesmo num cenário em que muitas economias desenvolvidas experimentaram quedas de arrecadação em função do declínio da atividade econômica decorrente da crise global.

Brasileiro trabalha 150 dias por ano para pagar impostos

De acordo com o IBPT, o peso dos impostos frente ao PIB crescem em poucos países, como Luxemburgo (de 35,5% em 2008 para 37,5% do PIB em 2009), Suíça (de 29,1% para 30,03%) e Eslovênia (37,2% para 37,9%).

- A elevação na carga tributária desses poucos países, em média de meio ponto percentual, foi bem menos expressiva que a queda da carga da maioria dos países, em média de 1,9 ponto percentual - observou a vice-presidente do IBPT, Letícia do Amaral.

Dos 13 países à frente do Brasil no ranking dos impostos mais pesados, apenas três são economias consideradas emergentes, embora europeus como os demais: Hungria, Eslovênia e República Checa. Todos os demais são economias altamente desenvolvidas, como é o caso dos países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia).

Ainda estão à frente do Brasil em apetite arrecadatório Itália, Bélgica, Áustria, França, Luxemburgo e Alemanha.

- Ao contrário do Brasil, esses países prestam serviços públicos de qualidade, garantindo à sua população saúde, segurança, educação, previdência social, boas estradas, entre outros benefícios - afirma Letícia.

De acordo com o IBPT, cada brasileiro precisa trabalhar em média 150 dias, ou cinco meses por ano, apenas para bancar os tributos cobrados pelo governo. Se considerados os gastos do brasileiro com serviços privados que deveriam ser providos pelo poder público, como saúde, transporte e educação, outros quase cinco meses de trabalho são dispendidos.