Título: Dilma decide hoje o novo diretor da PF
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 23/12/2010, O País, p. 12

José Eduardo Cardozo, futuro ministro da Justiça, sabatinou cinco candidatos

BRASÍLIA. A presidente eleita, Dilma Rousseff, e o futuro ministro da Justiça, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), devem decidir ainda hoje o nome do novo diretor da Polícia Federal. A escolha terá como base uma lista com três nomes que Cardozo apresentará a Dilma. Na semana passada, o futuro ministro conversou com cinco delegados da cúpula da PF considerados candidatos naturais ao cargo: o diretor de Inteligência, Roberto Troncon; o diretor-executivo, Luiz Pontel de Souza; o corregedor-geral, Valdinho Jacinto Caetano; e os superintendentes em São Paulo, Leandro Coimbra, e no Rio Grande do Sul, Ildo Gasparetto.

Na bolsa de apostas interna, os mais cotados são Troncon e Gasparetto. Com exceção de Gasparetto, o mais antigo do grupo, todos os demais delegados são de uma nova geração de policiais que começaram a chegar a cargos estratégicos da PF nos últimos oito anos. Nenhum tem vínculo político partidário ou ligações com antigos grupos que costumavam disputar o poder na PF. O atual diretor, Luiz Fernando Corrêa, costuma dizer que este é um dos grandes trunfos de sua administração: o fim da guerra dos dossiês entre postulantes a diretor na PF.

Já está acertado que Corrêa não permanecerá no cargo. Ex-secretário nacional de Segurança, Corrêa é cotado para assumir o comando da segurança para os jogos da Copa do Mundo. Cardozo não conhecia pessoalmente nenhum dos cinco delegados com quem conversou para preparar a lista a ser entregue à presidente eleita. Ele chegou aos delegados depois de longas conversas com os ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos, Tarso Genro e com o atual ministro Luiz Paulo Barreto.

A escolha do diretor da PF é considerada uma das tarefas difíceis na formação da equipe de governo. A PF sempre foi importante, mas ganhou mais força ainda nos últimos anos. Investigações da PF tiveram forte impacto nas duas últimas eleições presidenciais. Em 2006, o inquérito sobre a tentativa de compra de um dossiê contra tucanos pôs um grupo de petistas na berlinda e, segundo analistas, levou as eleições para o segundo turno. Este ano, investigações sobre a quebra de sigilo de tucanos e o suposto envolvimento da ex-ministra Erenice Guerra provocaram forte desgaste na campanha de Dilma.

A PF tem em andamento cinco mil inquéritos sobre desvios de verbas federais em prefeituras municipais, que poderão resultar em condenações de prefeitos, secretários, servidores e empresários. O arrastão anticorrupção, uma parceria da polícia com o Ministério Público Federal, deverá ter forte impacto nas eleições municipais de 2012.