Título: Índice de atrasos supera os 50%
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 23/12/2010, Economia, p. 31

Anac culpa operação padrão de trabalhadores em dois aeroportos

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O dia de ontem foi uma prévia da esperada situação caótica dos aeroportos brasileiros hoje. O percentual de voos que decolaram com mais de 30 minutos de atraso subiu em escalada ao longo do dia e, na média dos principais aeroportos brasileiros, chegou a 33,6% às 20h - afetando 747 das 2.220 partidas programadas. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) culpou uma operação-padrão dos trabalhadores antecipada em dois terminais, o mau tempo em São Paulo e no Rio - que levou ao fechamento total ou parcial de quatro aeroportos - e problemas de equipamentos em Manaus pelos atrasos.

Além de ter chegado a níveis elevados, os atrasos ocorreram de forma mais indiscriminada, ou seja, independentemente do horário e do aeroporto de partida. Para se ter uma ideia, quatro dos principais aeroportos do país chegaram ou ultrapassaram a marca de 50% de retardo. Caso do Aeroporto Internacional de São Paulo (Cumbica), em Guarulhos, que às 15h marcava 52,8% de atrasos - o índice estava em 50,8% às 20h.

Segundo a Anac, boa parte dos problemas ocorreu por fatores climáticos. Os aeroportos de São Paulo fecharam pela manhã devido às fortes chuvas. Os do Rio, por volta das 20h. Também contribuíram operações padrão de funcionários de solo nos terminais de Confins (BH) e Santos Dumont, pela manhã. No terminal carioca, por volta das 5h da manhã, cerca de 50 representantes do Sindicato Nacional dos Aeroviários realizaram piquetes, causando tumulto. A Polícia Militar foi chamada para garantir a segurança.

Em Manaus, as operações estavam restritas devido à queda de um raio, que danificou equipamentos de auxílio à navegação aérea, segunda-feira.

Nos últimos dias, houve um crescimento constante da incidência de atrasos. Na terça-feira, a manhã terminou com 16,5% dos voos domésticos atrasados, percentual que chegou a 23,8% às 20h. Já às 11h de ontem, as partidas com mais de 30 minutos de atraso representavam 25,9% dos voos programados, índice que alcançou, às 15h, 29,7%. Às 20h, ultrapassou um terço das partidas.

Além de Guarulhos, os outros quatro aeroportos centrais do país apresentaram problemas ao longo do dia. No Galeão, que fechou para pouso por volta das 20h, os atrasos estavam em 44,1% das decolagens, percentual que era de 16% no Santos Dumont (que também fechou para pouso pouco antes). Em Brasília, o índice era de 41,3%, e em Congonhas, 31,3%.

Na Região Norte, os terminais de Belém e Boa Vista cravaram 50% de retardo nos voos programados no meio da tarde, o mesmo acontecendo em Corumbá (MS). No Nordeste, foi conturbado o cenário em Natal (44,4%) e Fortaleza (41,5%).

Os problemas se repetiram nas partidas para o exterior. Os terminais internacionais registraram 34,4% de atraso, por volta das 21h. Das 163 atividades previstas, 56 atrasaram.

Segundo a Infraero, a TAM, por volta das 21h, era a empresa com maior incidência de atrasos, 50,5%, atingindo 392 dos 777 voos. A Webjet vinha a seguir, com 35,6% (48 voos). Na Gol, o índice era de 33,9% (259).

A TAM justificou os atrasos como consequência "de problemas meteorológicos, manutenção não programadas, ou ajuste na malha". Sobre a elaboração de um plano de emergência, em caso de greve, a Gol informou que manterá a programação de voos, mas recomendou que seus passageiros cheguem com antecedência.(Geralda Doca e Lino Rodrigues)