Título: Anac recomenda que passageiros confirmem voo antes de sair de casa
Autor: Roxo, Sérgio; Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 23/12/2010, Economia, p. 32

AMEAÇA NO AR: Solange Vieira diz que não deve haver uma paralisação grande

Agência descarta punição a empresas ou trabalhadores em caso de greve

SÃO PAULO E RIO. Em meio à promessa dos trabalhadores do setor aéreo de cruzar os braços hoje, a presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, recomendou ontem que os passageiros procurem as empresas para confirmar seus voos antes de saírem de casa e que cheguem mais cedo aos aeroportos para minimizar transtornos. Ela afirmou ainda que, caso aeroviários e aeronautas decidam pela paralisação, não caberá à agência e sim à Justiça "apurar se a greve é legal ou não". E descartou punir companhias ou trabalhadores.

- Se houver greve, é a Justiça que vai apurar se a greve é legal ou não - disse Solange ao visitar ontem à tarde o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Ela disse não acreditar que a paralisação ocorra e revelou ter mantido contato com as empresas para evitar transtornos.

- A gente continua trabalhando (com o cenário de) que amanhã (hoje) não haverá uma paralisação grande. Se houver alguma paralisação, será em pontos que são facilmente controláveis - disse Solange. - As empresas estão sendo contactadas pela Anac. Eu pessoalmente falei com os presidentes das duas principais aéreas (TAM e Gol), e os dois falaram que estão empenhados em tentar ainda um acordo com o sindicato.

Polícia foi acionada para evitar piquetes

Solange disse ainda que os sindicatos de aeroviários e aeronautas "sabem da importância de a aviação funcionar" na antevéspera de Natal, quando 480 mil pessoas devem passar pelos aeroportos do país. Mas se a paralisação acontecer, a Anac, agência responsável pela fiscalização do setor aéreo, terá pouco a fazer, de acordo a dirigente, que descartou punição às companhias e aos trabalhadores.

Temendo um caos aéreo, a psicóloga Roberta Lima, 36 anos, resolveu antecipar para ontem a viagem de São Paulo para Porto Alegre. Ela embarcou em Congonhas com a filha Estela, de 2 anos, para encontrar a família, mas ainda está preocupada com a possibilidade de o marido não chegar para a ceia de Natal. Por causa do trabalho, ele só pode viajar no dia 24.

- Nós estamos indo antes porque achei que no dia 23 seria muita bagunça. Mas agora temos que ver se o meu marido vai conseguir embarcar. É um absurdo que (os trabalhadores) decidam fazer greve na época de fim de ano, que já é caótica. (As autoridades) deveriam também pensar em um plano B.

Apesar do temor dos passageiros, Solange avaliou que os atrasos registrados nos aeroportos na manhã de ontem foram provocados por problemas meteorológicos e são considerados normais. Ela falou que foi registrado um índice de 40% de atraso nos voos em Cumbica e 60% na região Norte do Brasil.

- É importante mencionar que até agora a gente não tem indícios de greve. Só paralisações muito pequenas e piquetes em alguns aeroportos.

A presidente da Anac encontrou a situação normal na visita ao Aeroporto de Congonhas. Segundo ela, houve reforço na fiscalização feita pela agência nos aeroportos e as polícias estaduais também foram acionadas para evitar piquetes.

No Galeão, no Rio, o movimento também foi normal, com poucos atrasos. Os passageiros que embarcavam ontem eram favoráveis à greve, mas criticaram a data.

- Acho que eles deveriam pensar mais na população que planeja férias - disse Maria José Pamplona Araripe, que aguardava com sua filha, Ana Benilde, um voo para Fortaleza para passar o Natal com sua mãe.