Título: Na indicação de Luiz Sérgio, vitória do PT do Rio e da ala de Dirceu
Autor: Camarotti, Gerson; Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 22/12/2010, O País, p. 3

Patrimônio do ex-prefeito de Angra subiu de zero para R$1,6 milhão em quatro anos

BRASÍLIA e RIO. Nomeado para o Ministério das Relações Institucionais, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) é um dos fundadores do partido, mas só passou a chamar a atenção do PT nacional na época do mensalão. Ele desempenhou um papel importante na defesa do governo Lula no auge do escândalo - quando teria se aproximado de figuras como o deputado cassado José Dirceu, do mesmo Campo Majoritário a que Luiz Sérgio pertence - e como relator da CPI dos Cartões Corporativos, em 2008.

Sua indicação veio da bancada fluminense do PT, que cobrava um posto significativo no gabinete de Dilma. Eleito para o quarto mandato de deputado federal, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, de 52 anos, foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra nos anos 1980, prefeito de Angra de 1993 a 1996 - sendo parte da primeira geração de prefeitos petistas no Rio -, e, na Câmara, foi líder do PT.

A semelhança com Lula não fica só no passado sindicalista. O novo ministro pertence à mesma ala do presidente no partido, o Campo Majoritário. Também não tem diploma universitário, mas nas salas de aula foi além de Lula - que só chegou à 5ª série do ensino fundamental - e concluiu o ensino médio.

Nascido em Angra e tendo começado a militar na Ação Católica Operária, Luiz Sérgio foi um dos que assinaram a Carta de São Bernardo em 80, marco de fundação do PT, e é o atual presidente do partido no Rio. Em 2006, disse à Justiça Eleitoral não ter nenhum bem a declarar. Já este ano, o deputado, eleito com 85.660 votos, declarou bens que somam R$1,6 milhão.

Na campanha de 2010, o futuro ministro foi buscar parte dos doadores no setor onde iniciou a vida profissional, a indústria naval (ele começou como operário do estaleiro Verolme), além do setor de metalurgia e petróleo. Doaram para a campanha do deputado este ano empresas como o estaleiro Mauá (R$30 mil), a STX Brazil Offshore (R$40 mil) e a UTC Engenharia (R$200 mil).

Tímido e calado, ele deve substituir Alexandre Padilha na pasta de Relações Institucionais depois de um lobby frustrado da coligação que reelegeu o governador Sérgio Cabral para que assumisse o Turismo. A pasta, que ganhará notoriedade nos próximos anos, com a realização da Copa do Mundo e Olimpíadas, ficou com Pedro Novais (PMDB-MA). Petistas dizem que a escolha foi bem recebida.

- É um defensor intransigente das ações do governo. Sempre teve solidariedade ao partido - diz Alberto Cantalice, presidente do PT do Rio antes de Luiz Sérgio e membro do diretório nacional da sigla.

- Luiz Sérgio sempre teve postura equilibrada e capacidade de diálogo - completa o deputado federal Jorge Bittar, secretário municipal de Habitação do Rio. - Mas missões como a de uma CPI têm grande visibilidade, e, no caso da CPI dos Cartões, isso ajudou na definição da estatura política que ele tem hoje.