Título: Inflação pelo IPCA-15 fecha em 5,79%
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 22/12/2010, Economia, p. 34
Apesar de desaceleração em dezembro, alimentos subiram 10,16% em 2010
Os preços dos alimentos subiram menos em dezembro. Saíram de uma alta de 2,11% em novembro para uma variação de 1,84% no mês. A desaceleração fez o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) ficar em 0,69% no último mês do ano - abaixo das projeções dos mercado. No ano, o índice acumula 5,79%, bem acima do bem acima do centro da meta de 4,5% estabelecida pelo governo.
A trégua nos preços não foi suficiente para tirar os alimentos do posto de vilão de 2010. Para os consumidores, o orçamento foi marcado por fortes variações nos preços de itens como carnes (30,52%) e refeição em restaurante (10,50%). A inflação de alimentação e bebidas (10,16%) ficou acima da de 2009 (3,08%).
- Apesar desse alívio, o Banco Central não deveria entender que o país não tem problemas de inflação e adiar a subida dos juros - disse Luis Otávio Leal, economista do ABC Brasil.
Segundo Fábio Romão, economista da LCA, os preços dos alimentos no atacado devem encerrar 2010 com expansão de 25%. Já em 2011, essa alta deve ser de 7,1%:
- Houve muitas especulações nas commodities. Isso deve diminuir em 2011.
A inflação não é uma pedra apenas do Brasil. Levantamento do ABC Brasil aponta que a inflação acumulada em 12 meses, até novembro, é de 4,32% no México e de 27,02% na Venezuela. Na China, chega a 5,10% e na Índia, até outubro, 9,7%.
- A inflação não é uma particularidade do Brasil e é um dilema dos emergentes. Em alguns países, como em México e Turquia, se cogita uma taxa mais alta, acima das metas de inflação. E o Banco Central vai seguir essa mesma linha? Isso teria um custo - questiona Leal.
Para Alfredo Coutiño, diretor da Moodys.com para a América Latina, o Brasil deve ser um dos poucos países a fechar o ano com uma inflação dentro da meta, ainda que venha a apresentar a quarta taxa mais alta após Venezuela (28%), Argentina (11,5%) e Uruguai (7%).
- Os países da região com as taxas mais baixas serão Chile (2,8%), Colômbia (2,6%) e Peru (2,4%) - prevê Coutiño.