Título: Magistrados e lobista rebateram as acusações
Autor: Otavio, Chico
Fonte: O Globo, 24/12/2010, O País, p. 3
Wider alegou que denúncias são retaliação a suas medidas
Embora não encontrados para comentar a conclusão da CPI, os desembargadores Roberto Wider e Alberto Motta Moraes e o lobista Eduardo Raschkovsky já falaram sobre as acusações durante a série de reportagens sobre o tema. Os três negaram a existência de tráfico de influência e venda de sentenças a políticos e empresários.
Roberto Wider considerou os relatos sobre a atuação de Eduardo Raschkovsky nos bastidores do Judiciário uma tentativa de desestabilizar a sua atuação no cargo e sua candidatura a presidente do TJ.
- Estou incomodando, como incomodei no TRE - disse, referindo-se ainda ao período em que presidiu o Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE), entre 2006 e 2008.
Apesar de admitir a relação de amizade com o lobista, garantiu que nunca fez negócios com o amigo e nem sabe em que ramo ele atua:
- Era impossível que os políticos tivessem blindagem. Isso (as acusações) só demonstra o quanto estou incomodando. Qual é a arma que eles (os políticos fichas-sujas e outros setores atingidos por decisões tomadas pelo desembargador) têm para me atingir?
Wider disse que, se houve mesmo contatos entre Eduardo e candidatos nas eleições passadas, o fato deve ser entendido como uma tentativa de chegar ao seu gabinete:
- Alguns políticos fazem tudo o que poderiam fazer para chegar a mim. Desagradei a muita gente. Andaram me procurando. Não recebi nenhum deles. Não guardo nomes das pessoas. Não atuei pontualmente. Atuei em relação a princípios. E, se defendi um princípio, não poderia atuar de forma diferente.
Raschkovsky também admitiu ser amigo de Wider e de ter contato com outros magistrados, além de ser um bom apreciador de vinhos. Ele, porém, se classificou apenas como um simples "feijãozinho" no mundo judiciário:
- Nunca tive negócios com o Wider. Não trabalho na área eleitoral. Nunca trabalhei. Se algum político falou (sobre extorsão para se livrar de processos), tem que provar - afirmou Eduardo, lembrando que somente um político chegou a procurá-lo para uma consulta. - Não é o meu segmento de trabalho.
Já o desembargador Alberto Motta Moraes alegou não ver problemas no evento do Colégio de Presidentes dos TREs no Rio, realizado em 28 de agosto de 2008, na Cidade do Samba, patrocinado pela Liga das Escolas de Samba (controlada pelo do bicho), por iniciativa sua.
- Perguntaram se poderia ser em alguma escola de samba. Mas não ia levar ninguém a escola de samba - afirmou Motta Moraes.