Título: No Galeão, uma operação de guerra
Autor: Doca, Geralda; Paula, Nice de
Fonte: O Globo, 24/12/2010, Economia, p. 19

Efetivo de agentes da Infraero foi 10% maior. Protesto não afetou movimento

Não se tratava da ocupação de algum morro carioca, mas uma verdadeira operação de guerra foi montada ontem pela Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) no Aeroporto Tom Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, para evitar que a mobilização dos aeroviários afetasse o atendimento dos passageiros. Com o anúncio do Sindicato nacional dos Aeroviários (SNA) de que 20% dos trabalhadores em terra iriam paralisar suas atividades na tarde de ontem até a meia-noite, a Infraero colocou 193 agentes no aeroporto, 10% a mais do que o normal, além de outros 284 funcionários terceirizados. A Anac, por sua vez, estava com 20 fiscais circulando pelo Galeão, com o reforço de policiais militares que acompanhavam os manifestantes pelos corredores das áreas de embarque.

Ontem, o próprio presidente da Infraero, Murillo Barbosa, foi conferir o funcionamento do Galeão. Segundo ele, a média de 52% de vôos atrasados ontem não se devia ao movimento:

- Não tivemos paralisação lá dentro (carregadores de malas), e nenhum atraso decorrente da mobilização. Estou contente com o trabalho conjunto da Infraero e da Anac. Queremos o bem-estar, conforto e segurança do passageiro. E, na minha opinião, estamos conseguindo - disse Barbosa.

Sindicato garantiu que trabalhadores paralisaram carregamento de bagagem

Francisco de Assis, diretor SNA, disse que a paralisação de 20% da categoria estava sendo realizada pelos trabalhadores que carregam as bagagens dos terminais do aeroporto até os aviões. Com isso, eles estariam cumprindo a determinação da Justiça do Trabalho de manter 80% dos trabalhadores em atividade. Um grupo de cerca de 50 sindicalistas fez diversas manifestações pelos corredores dos terminais de embarque do Galeão carregando faixas e gritando palavras de ordem. O movimento foi pacífico e acompanhado por policiais militares.

- Estamos fazendo a greve como determinou o Ministério do Trabalho. Estamos parando o setor de carregamento e descarregamento das malas, porque não queremos afetar o público. Mas com o pessoal da pista parando, vai ter um efeito dominó - disse Assis.

Lúcia Cristina Baptista embarcou ontem à tarde para Salvador com os pais, filhos, noras e genros num total de sete pessoas:

- Fiquei com medo da greve porque queria passar o Natal com a família. O movimento deles é válido, mas não nesta época do ano