Título: Importação da China ao Brasil dobra em cinco anos, para 14,5% do total
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 28/12/2010, Economia, p. 20

Avanço foi puxado por bens intensivos em trabalho e em tecnologia, diz BNDES

RIO e PEQUIM. Os produtos made in china dobraram sua participação nas importações brasileiras nos últimos cinco anos e, hoje, já respondem por 14,5% da pauta de compras do Brasil no exterior. No acumulado em 12 meses até agosto, as vendas chinesas ao Brasil já somavam US$21,4 bilhões. Em 2005, os produtos chineses eram apenas 7,3% das importações brasileiras. Segundo estudo divulgado ontem pelo BNDES, o maior avanço da China - que já é o principal fornecedor de produtos ao Brasil - foi nos bens intensivos em tecnologia e em mão de obra.

O estudo, dos economistas Fernando Puga e Marcelo Nascimento, aponta que o crescimento das vendas chinesas, modestas em produtos intensivos em recursos naturais - como alimentos, combustíveis e indústria extrativa -, foi exuberante em produtos intensivos em trabalho, como têxteis, vestuário, couro e diversos (como brinquedos). Nessa categoria, os chineses respondiam por 24,3% das importações brasileiras em 2005 e, agora, detêm 39,1%.

BC chinês acena com mais aperto ao crédito

Houve um salto também no segmento de bens intensivos em tecnologia, como eletrônicos e informática. Nesta categoria de produtos, a participação chinesa, que em 2005 era de 15,4% das importações, foi para 26,4% em 2010.

- A China cresceu muito, enquanto o país que mais perdeu participação nas importações ao Brasil foram os Estados Unidos. Na parte de eletrônicos, a China cresceu muito mais que os outros países do leste asiático, como Coreia do Sul ou Japão. Entretanto, não dá para dizer que a China roubou mercado de outros países. Em alguns casos o país simplesmente conquistou quase todo o crescimento das importações, ou seja, na verdade a China ocupou espaço da indústria nacional - afirmou Fernando Puga, chefe do departamento de Acompanhamento Econômico e Operações do BNDES.

O economista informou que, de 29 setores de produtos importados pelo Brasil, a China lidera em nove (têxteis; couro e artefatos; vestuário e acessórios; produtos de minerais não-metálicos; produtos de metal; máquinas para escritório e equipamentos de informática; máquinas, aparelhos e materiais elétricos; material eletrônico; e móveis e diversos, que inclui brinquedos). O país também é segundo maior exportador para o Brasil em outros seis setores.

O banco central (BC) da China anunciou ontem que vai controlar o crédito e a liquidez no país para combater as pressões inflacionárias. Em comunicado no site da entidade, a vice-presidente Hu Xiaolian disse que a China normalizou a política monetária e que o país vai explorar novas maneiras de gerenciar o excesso de liquidez - ao controlar a quantidade de dinheiro em circulação, o governo tentará evitar a alta nos preços, já que a inflação está no nível mais alto dos últimos 28 meses.

As declarações de Hu foram feitas dois dias após a China surpreender os investidores ao elevar o depósito compulsório bancário e a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual. Foi a segunda elevação de juros em pouco mais de dois meses.