Título: Palocci já colhe dados sobre a Casa Civil
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 30/12/2010, O País, p. 4

Futuro ministro verificará hoje o que Lula deixará para Dilma decidir, como vaga no STF

BRASÍLIA. Fiel ao estilo discreto, avesso a entrevistas e com raras aparições em público, o futuro ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, passou os últimos dois meses mergulhado nas articulações de bastidores para a composição do primeiro escalão do governo Dilma Rousseff. Somente hoje ele irá pessoalmente ao Palácio do Planalto para ver in loco o que o espera na Casa Civil: atos e ações que precisam ser realizados nos primeiros dias de governo pela nova presidente. Tudo passa pelo crivo da Casa Civil.

Palocci vai se reunir hoje com o atual ministro-chefe da Casa Civil, Carlos Esteves Lima, e o corpo técnico da pasta para ver o que ficará pendente de decisão por parte do presidente Lula. Aparentemente, Dilma não precisará tomar qualquer medida de emergência. Uma das primeiras providências da nova presidente, na área jurídica, será a sanção do Orçamento da União de 2011, que deve acontecer até meados de janeiro.

Uma decisão importante que deve ser tomada também em janeiro é a indicação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal. Depois da escolha de Dilma, pareceres jurídicos e da Casa Civil darão sustentação à indicação, que precisa ser aprovada pelo Senado. Os nomes mais cotados para a vaga de Eros Grau no STF - em aberto desde agosto - são do advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, e do ministro do Superior Tribunal de Justiça Asfor Rocha.

Principal coordenador da campanha eleitoral de Dilma Rousseff e o principal articulador político da transição, ao lado do presidente do PT, José Eduardo Cardozo, o ex-ministro da Fazenda adotou comportamento reservado nos últimos meses. Especialmente depois da eleição, quando apareceu em público pouquíssimas vezes.

E, desde o fim da eleição, ele se dedicou quase que exclusivamente às negociações com os partidos para a formação do Ministério de Dilma. Passou a maior dos últimos dois meses em longas conversas com Dilma Rousseff na Granja do Torto ou em reuniões no CCBB, onde se instalou o governo de transição.