Título: Siderúrgicas e Petrobras omitem emissões de CO2
Autor: Vieira, Agostinho
Fonte: O Globo, 30/12/2010, Economia, p. 30

No mundo virtual, no site das quatro empresas, a palavra transparência aparece com destaque. Normalmente acompanhada por outras, como governança, visão e valores. No mundo real, Usiminas, Gerdau, CSN e Petrobras, no melhor estilo do ex-ministro Rubens Ricupero, acham melhor faturar o que é bom e esconder o que é ruim. Pelo menos quando o assunto é emissão de gases do efeito estufa (GEE).

As quatro informaram à BM&FBovespa e ao BNDES que não farão parte do Índice Carbono Eficiente (ICO2), que acabou de ser criado. O novo índice classifica as maiores empresas com ações negociadas na Bolsa de acordo com um ranking que pondera as emissões de GEE e o faturamento de cada negócio. O objetivo do ICO2 é exatamente incentivar as empresas a divulgarem suas emissões e prepará-las para a nova e competitiva economia de baixo carbono.

Até há bem pouco tempo, apenas 13 dessas empresas faziam o seu inventário de carbono e o divulgavam. Agora, todas farão esse levantamento anual, que inclui as emissões diretas, provocadas pela própria produção, e as indiretas, como o uso de energia e transporte. A metodologia usada para calcular o CO2 emitido será o GHG Protocol Corporate, do World Resources Institute. E a Bolsa criou um site chamado "Em boa companhia", para as empresas participantes divulgarem as ações que estão sendo tomadas para mitigar as emissões.

Nada disso, entretanto, sensibilizou os quatro dissidentes, que também não deram uma explicação formal para a ausência. Certamente, o passivo ambiental do setor siderúrgico e de petróleo não é pequeno, e as suas emissões de GEE também não seriam representadas por um número bonito. Mas nada disso justifica a decisão de, tal qual um avestruz, enterrar a cabeça na terra de uma economia velha e suja.

A REFINARIA REDUC, da Petrobras, está entre as maiores emissoras de gases do efeito estufa (GEE) do Estado do Rio. Mas a empresa, que investe todos os anos mais de R$500 milhões em projetos sociais, culturais e ambientais, não revela o seu volume de emissões. Por isso, anunciou que ficará fora do novo Índice Carbono Eficiente (ICO2), criado este mês pela Bolsa de Valores de São Paulo e pelo BNDES