Título: Discurso de Dilma gera expectativa positiva em setores da economia
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/01/2011, O País, p. 10

Promessas de reforma tributária e melhora dos gastos anima mercado

BRASÍLIA. O discurso da presidente Dilma Rousseff conseguiu agradar a diversos setores da economia e gerou expectativas positivas. A promessa de fazer andar as reformas, estimular a competitividade, garantir o desenvolvimento das micro e pequenas empresas, sem perder de vista os objetivos de melhorar a qualidade dos gastos públicos e de conter a inflação, animou o mercado.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o novo governo deu sinais de que vai dar ênfase a uma gestão profissional e deixou claro que quer garantir à indústria e a outros setores da economia condições para competir no mercado globalizado, onde a disputa é cada vez mais acirrada. A reforma tributária foi contemplada pelas palavras de Dilma como "inadiável", para a alegria do setor.

- Ela mostrou que o governo vai finalmente lidar com a reforma, o que é fundamental - disse Andrade.

Um dos setores com a maior lista de reclamações, os exportadores se animaram com o fato de o discurso da presidente ter sido feito em parceria com o novo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. O vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, destacou o trecho em que Dilma diz que "valorizar o nosso parque industrial, e ampliar sua força exportadora será meta permanente".

- Tanto o ministro quanto o secretário Executivo, Alessandro Teixeira, têm um cacife político muito grande. Vão discutir com o Ministério da Fazenda sem, necessariamente, ter de acatar. Antes era apenas comunicado. Politicamente, este discurso, feito por quem conhece o problema do setor de exportação, abriu uma porta de esperança - disse ele.

Para o presidente da CNI, Dilma foi precisa sobre planos para micro e pequenas empresas.

- Ela quer centralizar tudo num único lugar. Este é um setor que representa mais de 95% das empresas brasileiras e grande gerador de empregos.

No campo da macroeconomia, Andrade disse que a estratégia de melhorar gastos e cortar despesas pode ser uma válvula de escape para segurar a inflação, sem subir juros.

Para Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor do Banco Central, foi positivo o fato de Dilma ter ressaltado a importância da estabilidade monetária. Freitas havia criticado a decisão do BC de manter os juros inalterados na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).