Título: Aumento do Bolsa Família sai logo, diz nova ministra Tereza Campello
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 03/01/2011, O País, p. 10

Desenvolvimento Social também estuda proposta para definir linha de pobreza

BRASÍLIA. A nova ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, assumiu o cargo ontem anunciando que o governo vai reajustar o valor dos benefícios do Bolsa Família. Ela não adiantou quando isso será feito nem o índice a ser adotado. O principal programa de transferência de renda do país paga de R$22 a R$200 mensais e atenderá 12,9 milhões de famílias este mês:

- O reajuste do Bolsa Família sai logo. Estamos terminando os estudos. Vamos apresentar para a presidente e, logo na sequência, vamos anunciar e ter uma definição - disse, após a solenidade de transmissão de cargo.

A nova equipe prepara ainda uma proposta de linha de pobreza a ser adotada oficialmente no governo, a pedido da presidente Dilma Rousseff. O objetivo é definir a população que será alvo das políticas sociais. A linha estipula a renda máxima por pessoa, abaixo da qual todos são considerados pobres. O governo Lula tentou fazer isso ainda no primeiro mandato.

O IBGE estima que 4,4 milhões de pessoas vivam com menos de um quarto de salário mínimo por mês (R$127,50), em situação de extrema pobreza. O Bolsa Família atende quem ganha até R$140 mensais por pessoa. Há estudos que utilizam como referência a linha de meio salário mínimo mensal (R$255).

- Pretendemos, como governo, ter um compromisso claro de meta de monitoramento, acompanhamento, cobrança de resultados, prestação de contas. Para que a gente faça isso, temos que apresentar um escopo que seja claro, que não seja somente um nome e um apelido.

O último reajuste no Bolsa Família foi de 10%, em maio de 2009. O que está em estudo agora é qual índice de inflação será adotado para corrigir o valor. Também está sendo estudado se haverá aumento real ou só a reposição da inflação no período.

O Bolsa Família terá papel central na estratégia de erradicação da miséria, anunciada por Dilma como objetivo central do governo. Ela já manifestou a intenção de incluir mais 750 mil famílias que se enquadram nos atuais critérios de pobreza do programa, mas estão de fora porque não têm filhos.

Tereza admitiu que a busca das chamadas portas de saída do programa continua sendo o maior desafio. Aos 48 anos, ela é economista e começou no governo Lula como assessora especial da Presidência, em 2003, participando do grupo de trabalho que deu origem ao Bolsa Família. Até semana passada, era subchefe-adjunta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, onde tinha como chefe a nova ministra do Planejamento, Miriam Belchior.