Título: Saúde fiscalizará tratamento da dengue
Autor: Maltchik, Roberto
Fonte: O Globo, 11/01/2011, O País, p. 4

Cinco estados têm risco de epidemia; cidade do Rio receberá atenção especial

O Ministério da Saúde fará um pente-fino nos 27 estados para identificar falhas ou mesmo a inexistência de planos de contingência em caso de surto de dengue neste verão. Técnicos da Saúde também vão verificar os planos de ação em 70 cidades, como o Rio de Janeiro, que apresentam risco de epidemia. Em outra frente, uma reunião entre técnicos de diversos ministérios ocorre hoje em Brasília para planejar políticas de médio e longo prazo.

O novo secretário de Vigilância em Saúde, o epidemiologista Jarbas Barbosa, defende que o governo libere com mais velocidade recursos para obras de ampliação da rede de coleta de lixo e do sistema de abastecimento de água, onde a infestação pelo mosquito Aedes aegypti é maior.

Em todos os estados e nas capitais onde o risco de epidemia é elevado, os técnicos da Saúde devem verificar se há disponibilidade de soro, garantia de triagem, preparação de médicos e enfermeiros para identificar os fatores de agravamento da doença, além da garantia de que as unidades de saúde estarão abertas durante os finais de semana. Outra preocupação é impedir o agravamento dos casos entre a população menor de 15 anos, cuja infecção é progressivamente maior nos últimos anos.

- O que vamos fazer agora é ver se esse plano está implementado e, se esse plano não estiver implementado, que haja a implementação urgente. Não é mais admissível, com o conhecimento que a gente tem, que a rede de serviços não esteja preparada para a ocorrência de uma epidemia - afirma Barbosa.

Segundo o secretário, há risco elevado de epidemia em cinco estados: Amazonas, Acre, Mato Grosso, Goiás e Espírito Santo. Entre as cidades, Rio de Janeiro, Maceió e Recife estão na lista daquelas que merecem atenção redobrada, especialmente pelo ressurgimento do tipo 1, considerado agressivo e que retornou ao Brasil ao longo de 2010. Cerca de um milhão de pessoas contraíram a doença no ano passado. Até novembro, o número de mortes chegava a 592.

Além dos estados e prefeituras, o governo federal deve reforçar as campanhas junto à população, por exemplo, divulgando mensagens sobre como impedir a proliferação do mosquito nos comprovantes de pagamento de 26 milhões de aposentados e pensionistas da Previdência Social. Também será intensificada a campanha para orientar a população sobre os meios adequados de armazenamento de água.

- Há uma desconfiança generalizada sobre a oferta continuada de água. Claro que não vamos resolver isso do dia para a noite, mas há regiões que ainda têm rodízio de fornecimento. E as pessoas armazenam água de toda maneira: barril, tonel, o que for. Como se precisa de água para viver, temos que ensinar como armazenar água de uma maneira mais segura - explica.