Título: CGU: mais expulsões por corrupção
Autor: Fabrini, Fábio
Fonte: O Globo, 11/01/2011, O País, p. 10

Total de servidores que deixaram o governo dobrou durante a era Lula

BRASÍLIA. O número de funcionários expulsos do governo federal por corrupção e outras práticas ilícitas dobrou ao longo do governo Lula, mostra relatório da Controladoria Geral da União (CGU). A quantidade de punições passou de 264 em 2003 para 521 em 2010. Nos oito anos da administração petista, 2.969 pessoas foram excluídas. Os dados se referem aos servidores da administração direta, punidos por atos administrativos do próprio governo, após a comprovação das irregularidades. No universo, há tanto funcionários de carreira e comissionados que foram dispensados quanto aposentados que tiveram seus benefícios cassados.

Nos casos mais comuns (33%), os envolvidos se valeram dos cargos públicos para obter vantagens pessoais. Depois, aparecem a improbidade administrativa (9,35%) e a cobrança de propina (6,04%). Em 172 ocorrências (3,6%), ficou comprovado desvio de recursos.

A CGU atribui o crescimento à melhoria da fiscalização. O secretário executivo do órgão, Luiz Navarro, disse que não havia na administração federal um sistema de correição até 2005.

- Tenho certeza absoluta de que, neste caso, (o aumento) foi motivado pelo maior número de processos - comenta.

O grosso dos desvios envolve episódios de menor repercussão, embora alguns escândalos do governo, como o mensalão e o dos sanguessugas, integrem a estatística. Embora figurem recorrentemente no noticiário por envolvimento em corrupção, integrantes do primeiro escalão escapam ao pente-fino da CGU; por lei, eles respondem por crime de responsabilidade no Supremo Tribunal Federal (STF).

Um dos 40 presos na Operação Navalha, da Polícia Federal, acusado de favorecer ilegalmente a Construtora Gautama, o ex-superintendente nacional de Produtos de Repasse da Caixa Econômica Federal Flávio Pin é um dos demitidos. Conforme a CGU, ele recebeu propina de pelo menos R$25 mil. Ex-diretor Financeiro da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Adenauher Figueira Nunes perdeu o posto por enriquecimento ilícito, após a comprovação de que comprou um apartamento em Brasília de valor incompatível com a renda.

A CGU informou não ter dados de governos anteriores, nem divulgou a lista dos servidores. De 2007 a 2010, houve mais dispensas no Rio, estado com o maior número de funcionários federais. Responsável pela fiscalização e licenciamento ambiental, por meio do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente teve o maior percentual de dispensas (1,9%).