Título: Governo já admite um mínimo maior
Autor: Vasconcelos, Adriana; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 07/01/2011, O País, p. 4

Emenda deve propor piso de R$560, mas PSDB pode insistir em R$600

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Apesar das ameaças de veto feitas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, caso o Congresso aprove salário mínimo acima dos R$540, o governo admite internamente que pode ceder para não impor à presidente Dilma Rousseff um gesto tão impopular já no início de seu mandato.

Uma emenda que deverá ser apresentada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), propondo um mínimo de R$560, poderá balizar as negociações, já que durante a votação da proposta orçamentária da União para este ano técnicos da área econômica chegaram a admitir como teto R$550. A oposição deve esquentar o debate, já que o PSDB deverá defender mínimo de R$600, proposto na campanha eleitoral.

- A pressão para aumentar o mínimo é grande, especialmente na Câmara. Acredito que o governo vai ficar num meio-termo. Nem os R$540 da equipe econômica, nem os R$580 defendidos pelas centrais sindicais - previu o presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

O líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN), reiterou que a bancada peemedebista só deverá se posicionar oficialmente após negociação com a equipe econômica. Segundo ele, a iniciativa de Eduardo Cunha de apresentar emenda elevando o mínimo para R$560 não representa a posição do partido:

- Essa proposta é por conta e responsabilidade dele (Eduardo Cunha).

O governo já se prepara para enfrentar a pressão do Congresso e das centrais, que contam com o lobby do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. Ele apresentará emenda propondo a elevação do mínimo para R$580.

Cotado para ser o novo líder do PSDB na Câmara, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP) disse ontem que sua posição é pelo mínimo de R$600:

- Pretendo defender (junto à bancada) a emenda dos R$600. Defendemos na campanha eleitoral. Alguma coisa fora disso não parece coerente.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o valor de R$540 será alterado, já que o governo corrigiu o mínimo em 5,88%, quando o valor cheio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 6,41%.

- O mínimo será de R$542 ou R$543, por causa do INPC. Mas não será R$560 ou R$580. Ou a presidente edita uma nova MP corrigindo, ou corrigimos no Congresso - disse Cândido Vaccarezza.

Em São Paulo, o deputado Paulo Pereira da Silva pediu ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que leve à presidente Dilma o pedido de reabertura de negociação sobre o novo valor do mínimo.

PDT quer presidências de Itaipu e Eletrosul

Maia respondeu que apoiará o debate sobre a revisão do mínimo, mas não se comprometeu a endossar a proposta de R$580. Além de um salário mínimo superior a R$540, o PDT quer a nomeação do senador Osmar Dias (PDT-PR) para a presidência de Itaipu e do deputado Dagoberto Nogueira (PDT-MT) para o comando da Eletrosul.