Título: Com dólar baixo, brasileiro viaja mais e setor registra alta de até 95%
Autor: Rosa , Bruno
Fonte: O Globo, 08/01/2011, Economia, p. 24

A queda do dólar e o aquecimento da economia impulsionam as férias deste início de ano. Com altas nos negócios de até 95% entre as empresas de turismo, já há falta de passagens para alguns destinos, como cidades dos Estados Unidos. E quem decidiu viajar de última hora terá de arcar com preços salgados, já que as passagens estão até 87% mais caras em relação ao preços ofertados no último trimestre de 2010. De acordo com a Decolar.com, o setor espera um crescimento médio de 20% nas vendas.

Uma das maiores agências de viagens do país, a Stella Barros registrou alta de 95% nas vendas de pacotes e passagens aéreas paras as férias em relação ao mesmo período de 2010. Com isso, afirma Marcello Neves, gerente comercial da companhia, não há mais pacotes disponíveis para cidades como Orlando.

- Com o parcelamento prolongado, em até dez vezes no cheque, muitas pessoas optaram por viajar. Houve muita procura para Buenos Aires, Punta del Este e Cancún - diz Neves.

Estrangeiros no Rio: ocupação dos hotéis é de 95%

Manoel Calmon, sócio da Action Turismo, empresa especializada em destinos exóticos, ressalta que, com a falta de passagens aéreas para os EUA durante o mês de janeiro, os brasileiros têm procurado destinos na Europa, por exemplo. Com isso, a procura para as férias deste início de ano está 20% maior em relação a 2010.

- Surpreendeu a procura por lugares como Tailândia, Camboja, Vietnã, Maldivas, Turquia e Jordânia. O dólar em queda ajuda, já que muitas pessoas acabam ficando em hotéis melhores, por exemplo. Com a demanda em alta e a falta de passagens aéreas, um pacote de sete noites para uma estação de esqui nos EUA pulou de US$2.800 para US$5 mil - destaca Calmon.

Situação semelhante vive a agência SóViagens Turismo, no shopping Città America, na Barra. Mariangela Botto, diretora da empresa, ressalta que os preços estão até 87% maiores em relação ao cobrado para quem se programou três meses atrás. Um bilhete para Buenos Aires, que custava US$320 há três meses, custa US$600 - alta de 87%. Para Cancún, o valor saltou 38%, de US$1.120 para US$1.550.

- Quem quiser viajar agora vai ter de pagar mais caro. EUA é o destino mais procurado, principalmente por seu apelo de compras - conta Mariangela.

Quem se programou, por outro lado, garantiu passagens de 15% a 30% mais baratas em relação às férias anteriores, segundo pesquisa da Decolar.com. A designer de joias Beatrice Reinisch, da Reinisch & Gava, vai para os EUA em fevereiro:

- Programei tudo antes. Vou passear e buscar inspiração para minhas próximas coleções.

E os estrangeiros também vêm em peso para o Brasil, em especial o Rio de Janeiro. Assim, o setor de hotelaria do estado vive seu melhor momento nos últimos dez anos. A estimativa de ocupação dos hotéis fluminenses é de 95%, contra 78% em 2010, período em que o país atravessava a crise econômica.

- Vamos bater recorde de ocupação. Este ano também marca a volta do mercado internacional ao Rio. Estimamos que de 55% a 60% dos turistas sejam estrangeiros, contra 40% no ano passado - afirmou Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira do Rio (ABIH-RJ).

Segundo Aldo Siviera, presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio (Abav-RJ), a expectativa é que a entrada de turistas no estado aumente de 15% a 20% no ano. No Club Med, com resorts em Angra dos Reis (RJ), Itaparica e Trancoso (BA), a expectativa é de crescimento de 13% até abril. No espaço do Rio, por exemplo, o índice de ocupação, que em 2010 foi de 63%, hoje está em 80%.