Título: Moeda sobe e ações de bancos caem
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/01/2011, Economia, p. 25

Com temor de impacto no desempenho de instituições, papéis perdem até 2,65%

O anúncio da criação do compulsório e a expectativa de que novas medidas possam ser lançadas para conter a valorização do real fizeram o dólar avançar ontem, tanto no mercado à vista quanto no futuro. A moeda americana subiu 0,77%, a R$1,688, na negociação à vista. Já o contrato negociado na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) com vencimento em fevereiro de 2011, o mais líquido, fechou ontem a R$1,694, alta de 0,65% frente ao dia anterior. O contrato para março de 2011 também subiu 0,65%, a R$1,705.

- O impacto no câmbio é psicológico porque o mercado vê que, a cada vez que o dólar vai abaixo de R$1,70, o governo age - afirma Luiz Eduardo Portella, do Banco Modal.

Na sua avaliação, o efeito da medida será maior no cupom cambial, que é a diferença entre a cotação do dólar no mercado à vista e no mercado futuro, já que os bancos perderam o incentivo para ganhar com operações neste segmento.

Diante do receio do impacto das novas regras, as ações dos bancos ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa, principal índice da Bolsa, ontem. Bradesco PN (preferencial, sem direito a voto) caiu 2,65%, a R$33,05. Itaú Unibanco PN, por sua vez, teve perda de 2,36%, a R$29,64. Já as units do Santander caíram 1,77%, para R$22,16.

Apesar do recuo dos papéis, o analista de bancos da Ágora Corretora, Aloisio Villeth Lemos, acredita que as medidas do Banco Central (BC) têm, no entanto, efeito apenas "residual" sobre as instituições, que tendem agora a migrar suas operações do mercado futuro de câmbio para outras operações.

- É natural que afete porque essas operações fazem parte dos ganhos dos bancos. Mas os papéis devem se recuperar rapidamente. Os bancos terão três meses para se adequar - disse o analista.

O Ibovespa caiu 0,72% ontem, aos 70.578 pontos, depois de seis pregões seguidos de alta. O mercado no Brasil seguiu Wall Street, à espera de dados do mercado de trabalho americano que serão divulgados hoje. (Lucianne Carneiro e Bruno Villas Bôas)