Título: Política industrial aposta na inovação
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 07/01/2011, Economia, p. 25

"Economia verde e criativa" geraria competitividade e reduziria importações

BRASÍLIA. Na nova política industrial que será divulgada pela presidente Dilma Rousseff, a inovação tecnológica terá uma força nunca vista antes, com benefícios fiscais ao que os técnicos já chamam, informalmente, de "economia verde e criativa". Uma das medidas em discussão é a criação de incentivos mais robustos a parques tecnológicos e incubadoras de empresas com base tecnológica. Investimentos em energia eólica e solar, bem como em carros movidos a etanol e energia elétrica, estão também entre os prováveis contemplados.

Os trabalhos são coordenados pelo ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. A equipe que está elaborando o pacote de ações inclui os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento e de Ciência e Tecnologia. A determinação de Dilma é para que a inovação se torne prioridade para que o Brasil ganhe mais competitividade frente aos chineses.

Os técnicos trabalham em um amplo conjunto de medidas para desonerar investimentos e setores afetados pela valorização do real ante o dólar, assim como na elaboração de uma nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para Tecnologia da Informação.

Segundo explicou ao GLOBO o novo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não há mais como competir em um mundo que diferencia os bons dos regulares pela inovação.

- Empresas que mais inovam são as que estão expostas à competitividade global. Se o Brasil quiser continuar tendo um ritmo acelerado de crescimento, e um crescimento de qualidade, não pode se acomodar como país exportador de matérias-primas, gás e petróleo - afirmou.

A nova política industrial terá, entre as diretrizes, uma dimensão verde da política fiscal. Por exemplo: uma indústria que produz plástico com sequestro de carbono de biomassa (que replanta árvores para compensar seu processo produtivo poluente) merece ser recompensada, por não usar combustíveis fósseis como nafta, cuja importação anual chega a US$2 bilhões.

Para minimizar os efeitos danosos causados pelo aumento das importações, por causa do dólar barato, a inovação é vista como importante arma para empresas brasileiras que disputam o mercado externo e doméstico.

- Precisamos induzir as empresas brasileiras a serem inovadoras. A inovação deve ser estratégia de desenvolvimento - disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.