Título: No mundo, alimentos sobem 24,5% em 2010 e atingem patamar recorde
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Fonte: O Globo, 06/01/2011, Economia, p. 23

Agência da ONU alerta para novas altas por seca no Sul e onda de frio no Norte

ROMA. Com a alta global dos preços dos alimentos em dezembro, o Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atingiu novo patamar recorde, informou ontem a entidade: 214,7 pontos no mês passado. Com isso, superou o patamar de 213,6 pontos atingido em junho de 2008, durante a crise alimentar de 2007 e 2008, que levou a protestos em vários países.

Segundo o índice da FAO, os preços de alimentos tiveram alta global de 24,5% em 2010, já que, em dezembro de 2009, estava em 172,4 pontos. A alta de dezembro foi a sexto aumento mensal consecutivo e levou o índice da FAO ao seu maior patamar desde o início das medições, em 1990.

Em 2008, alta do petróleo ajudou na instabilidade

O índice mede as mudanças mensais de preços para uma cesta de alimentos composta por cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar.

A FAO alertou ainda que os preços de milho, trigo e outros grãos podem aumentar ainda mais este ano e que as atuais condições climáticas são fonte de preocupação.

- Ainda há espaço para que os preços aumentem ainda mais, se, por exemplo, as condições de pouca chuva na Argentina tenderem a uma seca e começarmos a ter problemas se a onda de frio no Hemisfério Norte prejudicar a safra de trigo - afirmou o economista da FAO Abdolreza Abbassian.

Mas ele ressaltou que, apesar dos preços dos alimentos estarem elevados, muitos fatores que provocaram os protestos de 2007/2008, como a produção fraca nos países pobres e uma alta repentina nas cotações do petróleo, não estão presentes atualmente. Isso, explicou o economista, reduz o risco de instabilidade.

A FAO também anunciou ontem que vários jogos da Copa Asiática de Futebol, que começa amanhã em Doha, serão dedicados à luta contra a fome e a pobreza.