Título: Reservas aumentam 666% na era Lula e atingem US$288 bi
Autor: Carneiro, Lucianne; Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 04/01/2011, Economia, p. 19

Nos oito anos do ex-presidente, Banco Central compra quase US$251 bilhões no mercado de câmbio

BRASÍLIA. As reservas internacionais do Brasil explodiram na era Lula. Nos oito anos do governo do ex-presidente, o "colchão" antichoques internacionais passou de US$37,652 bilhões no início de janeiro de 2003 para US$288,575 bilhões no último dia 31, um salto de 666,43%. Isso significa que o Banco Central (BC) comprou quase US$251 bilhões no mercado de câmbio nos dois mandatos. E já deu sinais de que vai manter essa política.

Muitos especialistas criticam o excesso de reservas no Brasil. O principal argumento é o custo fiscal, porque a maior parte dos recursos está aplicada em títulos americanos, com baixíssimo rendimento, menos de 1% ao ano. Por outro lado, o BC banca suas aplicações pela Selic - hoje, em 10,75% ao ano.

A cúpula do BC no governo Lula argumentava que, apesar desses elevados custos, há benefícios difíceis de serem mensurados, como a redução do risco-país. Em novembro, o ex-presidente do BC Henrique Meirelles apresentou um estudo que tentava calcular os pontos positivos. Segundo ele, entre 2004 e 2010 o custo de manutenção das reservas ficou em R$68 bilhões, enquanto os benefícios em cenários de crise representaram R$600 bilhões, 17,5% do Produto Interno Bruto (PIB).

As reservas internacionais são importantes porque reduzem as avaliações de risco do país ao garantirem recursos para pagamento de débitos. Com isso, diminui também a volatilidade cambial. Também foram importantes na crise internacional de 2008. Naquele momento, o BC chegou a emprestar para o mercado parte dos recursos para garantir liquidez para quem estava acostumado a levantar dinheiro no exterior, como os exportadores.

A política de elevar as reservas internacionais com mais afinco foi adotada a partir de 2004 e é considerada um dos maiores acertos da era Lula. Durante os dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), elas caíram: de quase US$39 bilhões para US$37,823 bilhões.