Título: R$1 bilhão contra a dengue
Autor: Maltchik, Roberto; Góis, Chico de
Fonte: O Globo, 12/01/2011, O País, p. 3

Dados do Ministério da Saúde mostram 16 estados, incluindo o Rio, em situação crítica

Confrontada com o avanço da dengue Brasil afora, a presidente Dilma Rousseff determinou que 13 ministérios se envolvam nas ações de combate à doença. O governo anunciou ontem um plano que deve aplicar R$1,08 bilhão para frear a proliferação do mosquito Aedes aegypti e atender os pacientes infectados ao longo de 2011. A maior parte desse valor já estava prevista no Orçamento. Junto com o plano, o Ministério da Saúde divulgou o mapa da dengue no país, que identifica 16 estados - o Rio entre eles - com risco muito alto de epidemia. Também foram listados 70 municípios com chance de surto, dez deles no Estado do Rio. Nessas cidades, haverá acompanhamento semanal dos casos e registro diário das mortes.

- É (o plano) exatamente para ter uma resposta mais rápida, tanto na vigilância quanto na atenção (aos pacientes), tanto em nível estadual quanto federal. Assim, será possível ter uma avaliação mais célere do comportamento da epidemia e do potencial de expansão nos municípios - disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O ministro participará de uma reunião na próxima semana com secretários de saúde dos 16 estados em situação crítica para coordenar as ações de prevenção e identificar falhas dos planos de contingência, que devem ser elaborados para impedir o avanço de casos graves. Há três meses, dez estados apresentavam risco muito alto. Segundo o Ministério da Saúde, Pernambuco, Minas, Rio Grande do Norte, Tocantins, Paraná e Rio Grande do Sul ainda não desenharam o plano de contingência.

Risco de epidemia alto em 24 cidades

Em 24 cidades, o risco de epidemia é considerado muito alto. No mapa da dengue divulgado em novembro de 2009, dez cidades apresentavam risco de surto. Em Rio Branco (Acre) e Manaus, de acordo com o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a situação é crítica. Nas duas capitais, o governo federal poderá ser obrigado a ampliar o volume de recursos.

O governo diagnosticou os principais fatores de risco nas cinco regiões: no Norte e Nordeste, despontam a precariedade do abastecimento de água; no Sul e Sudeste, o maior problema são os depósitos domiciliares, como vasos, pratos de plantas e lajes; no Centro-Oeste, a principal causa de proliferação do mosquito é acúmulo de lixo e baixa qualidade do sistema de coleta.

Como parte do plano de combate à dengue, o governo promete mobilizar militares e servidores da Defesa Civil. Também prestará apoio jurídico aos estados para executar a verificação de criadouros do mosquito em locais fechados, quando os proprietários se negam a permitir a entrada dos agentes.

A divulgação dos sintomas e das formas de prevenção deve ocorrer nos extratos bancários da Previdência Social, nos contracheques dos militares da ativa e reservistas e em ações do Ministério da Educação. Entre as atividades escolares, serão incluídas ações de eliminação de criadouros. Em campanhas de mídia, o governo deve desembolsar R$40 milhões.

- É fundamental definir e divulgar os fatores de agravamento e as medidas de prevenção. A dengue e a Aids talvez sejam as doenças que mais desafiam a questão da mudança de comportamento. Com a desvantagem para a dengue, que é sazonal - disse Jarbas Barbosa.

O governo vai trabalhar ainda com a Agência Nacional de Saúde Suplementar para que os planos de saúde também participem das campanhas.

- Vamos falar com empresários, com bancos públicos e privados, com as operadoras de saúde e com lideranças religiosas para que tenhamos o maior número de pessoas envolvidas nas ações de vigilância - afirmou o ministro Padilha.

Além do combate às variantes tradicionais (denv-1 e denv-2), o governo emitiu um alerta para monitorar o avanço do tipo 4 na Região Norte.