Título: Presidente do Ibama pede demissão
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Fonte: O Globo, 13/01/2011, O País, p. 10

Pressionado para liberar Belo Monte, Bayma alegou "questões de ordem pessoal"

BRASÍLIA. O presidente do Ibama, Abelardo Bayma, pediu demissão do cargo. A exoneração foi publicada no Diário Oficial de ontem. Em carta à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, Bayma alegou "questões de ordem pessoal", sem entrar em detalhes. Ele lembrou que havia assumido o compromisso de permanecer no cargo apenas até 31 de dezembro.

O substituto ainda não foi anunciado. Ontem, assumiu interinamente a presidência o diretor Américo Tunes. Durante os oito meses em que comandou o Ibama, Bayma teve como principal desafio lidar com as pressões de outras áreas do governo para liberar a licença ambiental para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.

Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, criticou o atraso na emissão da licença, após uma reunião tensa com Izabella e a presidente Dilma Rousseff. Lobão disse que a autorização para o início das obras de Belo Monte deveria ter saído ano passado, mas só será liberada em meados de fevereiro. Segundo o ministro, se a licença não sair agora, as chuvas podem atrasar o início das obras para 2012, um ano após o previsto.

Na carta enviada à ministra, Bayma lembra ter assumido a função em abril de 2010, em "momento crucial para o licenciamento de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)". Ele ressaltou ter dado "pleno atendimento ao compromisso assumido com o governo" de atualizar o cronograma de licenciamento de obras.

Ele também disse que, na sua gestão, diminuíram os índices de desmatamento no país, houve "expressiva melhora na gestão administrativa da entidade" e foram editadas normas regulamentadoras para o manejo de áreas de florestas. Bayma agradeceu a confiança da ministra.

Bayma assumiu o cargo em substituição a Roberto Messias, que também sofria pressões em torno dos licenciamentos por parte dos ambientalistas e da equipe econômica do governo. Entre as licenças assinadas por Messias está a autorização para o início das obras da Usina de Jirau, no Rio Madeira, e para a Usina Nuclear Angra 3. Ele também liberou a licença prévia para a construção de Belo Monte.

A intenção do governo é construir a usina Rio Xingu, ao custo de R$30 bilhões. Ela foi licitada em abril do ano passado e, quando estiver pronta, vai gerar 11.233 megawatts. A previsão de conclusão da obra é 2015.