Título: Ofertas de Espanha e Itália animam, mas desemprego nos EUA afeta bolsas
Autor: Duarte, Patrícia; Carneiro, Lucianne
Fonte: O Globo, 14/01/2011, Economia, p. 20

Títulos espanhóis obtêm 3 bi, e italianos, 6 bi, mas juros são maiores

MADRI, NOVA YORK e RIO. Depois de Portugal, Espanha e Itália. Estes dois países fizeram ontem leilões de títulos que foram considerados bem-sucedidos, o que contribuiu para acalmar os temores do mercado sobre o contágio da crise da dívida. As bolsas, no entanto, acabaram cedendo devido ao aumento dos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos.

A Espanha obteve 2,999 bilhões com o leilão, dentro das estimativas. No entanto, teve de elevar o juro dos papéis a 4,59%, o maior desde julho de 2008. Há dois meses, o juro ficara em 3,6%.

Já a Itália, em sua segunda emissão no ano, obteve 6 bilhões com títulos de 5 e 15 anos, com juros de 3,67% e 5,06%, respectivamente, também acima das taxas registradas anteriormente. A demanda superou a oferta em 1,4 vez.

Refletindo o leilão de títulos de Portugal na quarta-feira, as bolsas asiáticas fecharam em alta. Tóquio avançou 0,73%, Xangai, 0,23% e Hong Kong, 0,47%.

Já na Europa, houve recuo depois do alerta do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, sobre a inflação. Apesar de o BCE ter mantido ontem os juros em 1%, Trichet disse haver pressões a curto prazo sobre os preços, que seriam atentamente monitoradas. Analistas viram um sinal de alta futura dos juros.

Londres recuou 0,44% e Frankfurt, 0,09%. Já Paris avançou 0,75%, enquanto Milão subiu 0,91% e Lisboa, 0,37%. Madri teve a maior alta: 2,67%. O euro avançou 1,8% frente ao dólar, para US$1,3364.

O BCE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) manifestaram apoio à proposta do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, de reforçar o fundo de resgate criado para os países da zona do euro, hoje de 440 bilhões. A proposta será discutida pelos ministros de Finanças da União Europeia (UE) semana que vem.

Bovespa recua 1,27%, depois de três dias de alta

Nos EUA, pesou o aumento de pedidos de auxílio-desemprego na semana passada, de 410 mil para 445 mil, o maior nível desde outubro. O Dow Jones, o principal índice da Bolsa de Nova York, teve queda de 0,20%. O S&P, mais amplo, recuou 0,17%, e o Nasdaq, 0,07%.

Acompanhando o mercado externo, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda depois de três altas consecutivas. O Ibovespa, principal referência do mercado, caiu 1,27%, aos 70.721 pontos.

- O mercado abriu positivo com os leilões da Espanha e da Itália, mas os números do seguro-desemprego nos Estados Unidos levaram os investidores a embolsarem seus ganhos recentes - afirmou o sócio-diretor da Hera Investimentos, Nicholas Barbarisi.

Papéis de blue chips como Petrobras e Vale recuaram, enquanto ações do setor de energia, com caráter mais defensivo, foram destaque entre as altas do Ibovespa. Petrobras ON (ordinária, com voto) perdeu 3,08%, a R$30,50, enquanto a PN (preferencial, sem voto) caiu 2,11%, a R$27,31. A queda nas ações da Vale foi de 0,70% a ON e de 0,32% a PN. Light ON subiu 2,61%. Já Copel PN avançou 2,32%. (Lucianne Carneiro, com agências internacionais)