Título: Ministro: Um por todos e todos por um contra crime
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 15/01/2011, O País, p. 11

Cardozo dá posse a diretor da PF defendendo integração

BRASÍLIA. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, empossou ontem o novo diretor geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra, defendendo reforço no combate à corrupção, à violência e ao narcotráfico. Cardozo usou o bordão de "Os Três Mosqueteiros", romance histórico do escritor francês Alexandre Dumas, para falar em integração entre seu ministério e a PF.

- Daqui para a frente, é um por todos e todos por um na luta contra o crime organizado - disse Cardozo, ao discursar na posse de Coimbra.

O ministro usou a frase duas vezes num discurso de 11 minutos. Segundo ele, o combate ao crime organizado é uma das principais prioridades da presidente Dilma Rousseff, e as estruturas de segurança pública, principalmente a Polícia Federal, não podem falhar nessa missão.

- Se a Polícia Federal fracassar nessa tarefa, fracassará o ministro da Justiça. Se o ministro da Justiça fracassar, fracassa o governo da presidente Dilma. Se o governo fracassar, fracassamos todos os brasileiros - disse Cardozo.

Numa entrevista depois da posse, o novo diretor da PF disse que manterá as grandes operações na mesma linha de atuação do antecessor Luiz Fernando Corrêa.

Segundo Coimbra, o enfrentamento da corrupção e do narcotráfico, desafios criados pela globalização e pelo crescimento da economia brasileira, será incessante. A exemplo de Luiz Fernando Corrêa, Coimbra destacou como metas a busca de provas fortes nas investigações, a modernização da gestão e a requalificação permanente de policiais e servidores da instituição.

- As grandes operações continuam. O foco é na qualidade da prova, no aumento das (prisões) preventivas e na redução das temporárias. O foco é combate à corrupção, ao narcotráfico, ao tráfico de armas, ao crime organizado e à lavagem de dinheiro - afirmou Coimbra.

Novo diretor da PF era superintendente em SP

Ao comentar as denúncias que pesam contra um agente acusado de torturar presos no Núcleo de Custódia da PF, Coimbra disse que desvios não serão tolerados. O diretor tem 44 anos, é casado e pai de duas filhas. O delegado entrou na PF em 1995 e, desde então, passou por vários cargos de chefia. Antes de ser alçado ao cargo de diretor, pelas mãos de Cardozo e da presidente Dilma, Coimbra era o superintendente da PF em São Paulo. Da superintendência, Coimbra seria transferido para a adidância da PF em Roma. Mas, antes disso, foi chamado para o posto mais alto da PF.

- Ele e o Corrêa têm a mesma linha de atuação, mas personalidades diferentes. Quando tinha que fazer uma cobrança, o Luiz Fernando era muito incisivo. O Leandro é mais negociador - conta um delegado da cúpula da PF.

Na solenidade estavam presentes a ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário; o ministro da Previdência, Garibaldi Alves; e o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams, entre outros representantes do alto escalão do governo. Antes de passar o cargo a Coimbra, Corrêa pediu um minuto de silêncio em solidariedade aos mortos nas enchentes no Rio de Janeiro. Também no início da cerimônia, Cardozo disse que precisará novamente de Corrêa, mas não disse que missão espera do delegado, que se aposentou um dia antes da escolha de Coimbra para sucedê-lo na direção da PF.