Título: Na América latina, pressão de preços
Autor: Lignelli, Karina
Fonte: O Globo, 15/01/2011, Economia, p. 22

Inflação deve persistir com demanda interna e `commodities¿

SÃO PAULO. A forte demanda interna e a alta nos preços das commodities é o que tem determinado a inflação nos países emergentes, segundo especialistas. O impacto desses fatores, no entanto, varia em cada economia. Para o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, a expectativa é que a inflação continue alta na América Latina:

¿ Nos países em que a demanda continuar forte, é esperado que a inflação continue elevada. É o caso da Argentina, onde o índice oficial (em 2011) deve chegar a 15%, ou a Colômbia, cuja inflação deve acelerar a 5%.

Na Argentina, observa Vale, a pressão é forte porque o país cresce há anos a taxas muito elevadas e acima do seu potencial. Por isso, explica, a inflação tão elevada nos indicadores extraoficiais, que são mais confiáveis hoje.

Segundo Raphael Martello, economista da Tendências Consultoria, os 10,9% da inflação oficial na Argentina geram controvérsias, frente aos 26% das taxas não oficiais. Isso pode gerar um impacto grande para o mundo, principalmente no preço das commodities.

¿ O governo ameniza a questão com um índice alto (mas inferior ao esperado) e negligencia o problema. A já conhecida inflação argentina é mais fácil para o governo enfrentar, já que há um processo eleitoral em andamento ¿ destaca Martello.

Economias latino-americanas que devem crescer menos, observa Vale, terão inflações mais equilibradas, como o Peru (de 2%) e o México (4%). Já outras, como a Venezuela, vão bater nos 30% por questões crônicas, como o sistema de governo.

¿ De qualquer modo, os preços dos alimentos têm sido um acelerador em todos os países, com alguns sendo mais afetados por demanda mais pressionada, caso do Brasil, que deve fechar 2011 com o IPCA em 5,3% ¿ diz o economista-chefe da MB.